DIFERENÇAS, POLITICIDADE E EDUCAÇÃO: EM DEFESA DA TENSÃO PRODUTIVA EM EDUCAÇÃO HUMANÍSTICA

Autores

  • Fernando Danner UNIR
  • Leno Francisco Danner UNIR
  • Agemir Bavaresco PUCRS

DOI:

https://doi.org/10.26694/pensando.v11i23.7676

Palavras-chave:

Procedimentalismo, Institucionalismo, Pluralismo, Tensão Produtiva, Democracia

Resumo

O grosso das teorias políticas liberais contemporâneas, mormente, para nosso caso aqui, as posições de John Rawls e de Jürgen Habermas, parte do pressuposto de que a fundamentação do campo do político e das instituições públicas democráticas que possa assumir e promover efetivamente o pluralismo necessita basear-se na e dinamizar-se pela correlação (a) de procedimentalismo imparcial, neutro, formal e impessoal como método-práxis dessa mesma fundamentação e (b) de instituições público-políticas que se constituem em estruturas-sujeitos-arenas autônomas, autorreferenciais e sobrepostas relativamente às tensões, às reivindicações e às lutas em torno do pluralismo. Com isso, a fundamentação da política e das instituições públicas abstrai da carnalidade, da politicidade e da vinculação aos sujeitos epistemológico-políticos cotidianos, assim como adquire um claro sentido técnico, apolítico e despolitizador, o que significa que, se por um lado o pluralismo é seu ponto de partida, por outro ele se constitui em um problema que exige exatamente sua supressão da fundamentação teórica e da aplicação prática. A partir dessa crítica e dessa constatação, defenderemos a ideia de pluralismo como tensão produtiva que assume as lutas e as contradições entre os sujeitos epistemológico-políticos não apenas como o ponto de partida para a fundamentação da práxis político-educacional e da constituição e da vinculação das instituições públicas, mas também como a condição sociocultural e político-institucional que leva, por um lado, a que as instituições público-políticas tenham de promover políticas educacionais e de inclusão das minorias como condição da democratização inclusiva e participativa, enfrentando as tensões do cotidiano e assumindo suas lutas, bem como, por outro, à necessidade de participação e de ativismo permanentes por parte dos movimentos sociais, das iniciativas cidadãs e das minorias político-culturais em torno à defesa e à efetivação dos direitos. Aqui, a condição fundante da teoria política e da estruturação-vinculação das instituições públicas é a politicidade, a carnalidade e a vinculação dos sujeitos epistemológico-políticos, em suas potencialidades, tensões, lutas e contrapontos.

Referências

DANNER, Leno Francisco. “The apolitical social contract: contemporary democratic politics beyond depolitized social contract”, Kriterion, v. 58, p. 101-123, 2017.

DANNER, Leno Francisco. “Contemporary political theory, institutionalism and spontaneity: a radical democracy from where and by whom?”, Revista Portuguesa de Filosofia, v. 72, pp. 1107-1144, 2016.

FORST, Rainer. Contextos da justiça: filosofia política para além de liberalismo e comunitarismo. São Paulo: Boitempo, 2010.

HABERMAS, Jürgen. Teoria do agir comunicativo (Vol. I): racionalidade da ação e racionalização social. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 2012a.

HABERMAS, Jürgen. Teoria do agir comunicativo (Vol. II): sobre a crítica da razão funcionalista. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 2012b.

HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia: entre facticidade e validade (Vol. I). Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003a.

HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia: entre facticidade e validade (Vol. II). Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003b.

HABERMAS, Jürgen. A inclusão do outro: estudos de teoria política. São Paulo: Loyola, 2002a.

HABERMAS, Jürgen. O discurso filosófico da modernidade: doze lições. São Paulo: Martins Fontes, 2002b.

HABERMAS, Jürgen. Comentários à ética do discurso. Lisboa: Instituto Piaget, 1991.

HABERMAS, Jürgen. Pensamento pós-metafísico: ensaios filosóficos. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1990.

HABERMAS, Jürgen. Consciência moral e agir comunicativo. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989.

HONNET, Axel. “La educación y el espacio público democrático: un capítulo descuidado en la filosofía política”, Isegoria (Madrid), nº. 49, 2013, pp. 377-395.

HONNETH, Axel. Sofrimento de indeterminação: uma reatualização da ‘filosofia do direito’ de Hegel. São Paulo: Editora Esfera Pública, 2007a.

HONNETH, Axel. Reificación: un estudio en la teoría del reconocimiento. Buenos Aires: Katz, 2007b.

HONNETH, Axel. Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais. São Paulo: Editora 34, 2003.

RAWLS, John. Uma teoria da justiça. São Paulo: Martins Fontes, 2000a.

RAWLS, John. Justiça e democracia. São Paulo: Martins Fontes, 2000b.

RAWLS, John. O liberalismo político. São Paulo: Ática, 2000c.

RAWLS, John. Justiça como equidade: uma reformulação. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

Downloads

Publicado

2020-09-20

Como Citar

DANNER, F. .; DANNER, L. F. .; BAVARESCO, A. . DIFERENÇAS, POLITICIDADE E EDUCAÇÃO: EM DEFESA DA TENSÃO PRODUTIVA EM EDUCAÇÃO HUMANÍSTICA. PENSANDO - REVISTA DE FILOSOFIA, [S. l.], v. 11, n. 23, p. 168-188, 2020. DOI: 10.26694/pensando.v11i23.7676. Disponível em: https://periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/3516. Acesso em: 6 maio. 2024.

Edição

Seção

ENSINO DE FILOSOFIA EM DEBATE