A QUESTÃO MAQUIAVÉLICA E AS DIFERENTES FORMAS DE GOVERNO NA ORDENAÇÃO DO STATO: UMA LEITURA DO DISCORSO SOPRA IL RIFORMARE LO STATO DE FIRENZE
DOI:
https://doi.org/10.26694/.v10i21.9263Palavras-chave:
Maquiavel, Governo, República, PolíticaResumo
A Expressão Questão maquiavélica foi popularizada por Isaiah Berlin ao ponderar sobre a fortuna crítica do pensamento político do secretário florentino. Há divergências entre as interpretações monocráticas e republicanas das obras de Machiavelli, as quais centram-se, especialmente, nas possíveis discrepâncias existentes entre Il Principe e os Discorsi. Diversos contextos históricos permitem múltiplas apropriações das ideias presentes nesses e outros textos desse autor: um pensador amoral na ausência das premissas religiosas; um republicano a lutar pela liberdade popular aos moldes dos pensamentos iluministas e posteriormente românticos; um patriota a almejar a libertação e a unificação da Itália no Risorgimento; um nacionalista a compreender os limites dos interesses populares na ascensão do Fascismo; e tantas outras possibilidades receptivas. Todavia, na leitura dos textos de Machiavelli, destaca-se a criação de uma civilità, uma Ordem civil virtuosa a promover união entre os cidadãos, amor à Pátria e incentivo à defesa da Liberdade, a agir de acordo com necessidades específicas, evitando a Tirania, as facções e os privilégios de cidadãos particulares. Desse modo, em uma leitura do Discorso Reformare Stato di Firenze, em paralelos com temas e passagens específicas nos Discorsi e em Il Principe, constatam-se posições políticas plurais assumidas por Machiavelli de acordo com a necessidade e com a Ocasião, essas que corroboram a variedade na recepção de suas ideias e devem ser compreendidas em sua complementaridade em seus contextos iniciais.