Uma análise da interpretação de Geoffrey Hodgson, Ha-Joon Chang e Richard Nelson sobre desenvolvimento econômico

Autores

  • Alexandre Ottoni Teatini Salles
  • Dacieli Sausen

DOI:

https://doi.org/10.26694/1517-6258.61

Palavras-chave:

Desenvolvimento econômico. Instituições. Evolução institucional. Tecnologia. Autores institucionalistas.

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar as principais contribuições teóricas elaboradas por três autores com destacada influência no pensamento heterodoxo contemporâneo sobre desenvolvimento, quais sejam: Geoffrey Hodgson, Ha-Joon Chang e Richard Nelson. Sabe-se que suas produções científicas têm características teóricas e metodológicas distintas, contudo esta diversidade contribui para a interpretação interdisciplinar proposta neste artigo. As pesquisas elaboradas por eles possuem importantes complementariedades que contribuem para interpretar aspectos teóricos e históricos complexos que se cruzam na explicação do tema. Fazer este tipo de análise é o objetivo fundamental deste estudo. Propõe-se que as instituições desempenham um papel fundamental na dinâmica da atividade econômica na medida em que moldam e são moldadas pelo comportamento dos agentes, afetando assim os fundamentos econômicos, sociais, culturais e tecnológicos do desenvolvimento econômico. As principais conclusões do artigo são: i) a coevolução deste conjunto de fatores constituem os elementos essenciais para o desenvolvimento, uma vez que a sociedade é concebida como um organismo complexo que evolui a partir de mudanças que ocorrem em um ambiente em constante transformação; ii) as interconexões entre as abordagens destes autores estabelecem elementos teóricos fundamentais para uma interpretação institucionalista evolucionária do desenvolvimento econômico.

Referências

AGNE, C. L.; CONCEIÇÃO, O. A. C. Dos hábitos às instituições: proposições analíticas e metodológicas na Economia Institucional de Thorstein Veblen. Redes, v. 23, n. 2, maio-agosto, 2018, pp. 386-407.

CAVALCANTE, C. M. A economia institucional e as três dimensões das instituições. Rev. Econ. Contemp., v. 18, n. 3, set-dez/2014, pp. 373-392.

CHANG, H.-J. Kicking Away the Ladder: Development Strategy in Historical Perspective. London: Anthem Press, 2002.

CHANG, H.-J. Institutions and economic development: theory, policy and history. Journal of Institutional Economics, v. 7, n. 4, 2011, pp. 473-98.

CHANG, H.-J.; EVANS, P. The Role of Institutions in Economic Change. In: DE PAULA, S.; DYMSKI, G. (eds.). Reimagining Growth: Towards A renewal of Development Theory. London: Zed Press, 2005, pp. 99-129.

DEQUECH, D. O conceito de instituições e algumas tipologias. In: SALLES, A. O. T.; PESSALI, H. F.; FENÁNDEZ, R. G. Economia Institucional: Fundamentos Teóricos e Históricos. São Paulo: Unesp, 2017, pp. 159-82.

FERRARI FILHO, F.; CONCEIÇÃO, O. A. C. A noção de incerteza nos pós-keynesianos e institucionalistas: uma conciliação possível? Nova Economia, v. 11, n. 1, jul. 2001, pp. 99-122.

HODGSON, G. M. Socio-Political Disruption and Economic Development. In: HODGSON G. M.; SCREPANTI, E. Rethinking Economics: Markets, Technology and Economic Evolution. Aldershot, England: Edward Elgar, 1991, pp. 153-71.

HODGSON, G. M. Institutional economics: Surveying the “old” and the “new”. Metroeconomica, v. 44, n. 1, 1993, pp. 1-28.

HODGSON, G. M. An Evolutionary Theory of Long-Term Economic Growth. International Studies Quarterly, v. 40, n. 3, Special Issue: Evolutionary Paradigms in the Social Sciences, Sep., 1996, pp. 391-410.

HODGSON, G. M. [1998]. A abordagem da Economia Institucional. In: SALLES, A. O. T.; PESSALI, H. F.; FENÁNDEZ, R. G. Economia Institucional: Fundamentos Teóricos e Históricos. São Paulo: Unesp, 2017, pp. 249-94.

HODGSON, G. M. A evolução das instituições: Uma agenda para pesquisa teórica futura. Revista Econômica, v.3, n.1, 2001. p. 97-125.

HODGSON, G. M. Reconstitutive Downward Causation: Social Structure and the Development of Individual Agency. In: Fullbrook, Edward (ed.) Intersubjectivity in Economics: Agents and Structures. London and New York: Routledge, 2002, pp. 159-80.

HODGSON, G. M. The Hidden Persuaders: Institutions and Individuals in Economic Theory. Cambridge Journal of Economics, v. 27, n. 2, March, 2003, pp. 159-75.

HODGSON, G. M. Institutions and Economic Development: Constraining, Enabling and Reconstituting. In: DE PAULA, S.; DYMSKI, G. (eds.). Reimagining Growth: Towards a Renewal of Development Theory. London: Zed Press, 2005, pp. 85-98.

HODGSON, G. M. [2006a]. O que são instituições? In: SALLES, A. O. T.; PESSALI, H. F.; FENÁNDEZ, R. G. Economia Institucional: Fundamentos Teóricos e Históricos. São Paulo: Unesp, 2017, pp. 121-58.

HODGSON, G. M. Economics in the shadows of Darwin and Marx: Essays on institutional and evolutionary themes. Cheltenham: Edward Elgar, 2006b.

HODGSON, G. M. Institutions and individuals: Interaction and Evolution. Organizations Studies, v. 28, n. 1, 2007, pp. 95-116.

HODGSON, G. M. 1688 and all that: property rights, the Glorious Revolution and the rise of British capitalism. Journal of Institutional Economics, v. 13, n. 1, March, 2017, pp. 79-107.

HODGSON, G. M.; HUANG, K. Brakes on Chinese Economic Development: Institutional Causes of a Growth Slowdown. Journal of Economic Issues, v. 47, n. 3, September, 2013, pp. 599-622.

HODGSON, G. M.; KNUDSEN, T. The Complex Evolution of a Simple Traffic Convention: The Functions and Implications of Habit. Journal of Economic Behavior and Organization, v. 54, n. 1, 2004, pp. 19-47.

LOPES, H. C. Instituições e crescimento econômico: os modelos teóricos de Thorstein Veblen e Douglass North. Revista de Economia Política, v. 33, n. 4, outubro-dezembro, 2013, pp. 619-637.

MONASTERIO, L. M. Veblen e o Comportamento Humano: uma avaliação após um século de A Teoria da Classe Ociosa. Cadernos IHU Idéias, n. 42, 2005, pp. 1-14.

NELSON, R. R. Bringing Institutions into Evolutionary Growth Theory. Journal of Evolutionary Economics, v. 12, 2002, pp. 17-28.

NELSON, R. R. Economic Development from the perspective of Evolutionary Economic Theory. Working Papers in Technological Governance and Economic Dynamics, n. 2, jan. 2006.

NELSON, R. R. Institutions and Economic Growth: Sharpening the Research Agenda. Journal of Economic Issues, n. 2, June 2007.

NELSON, R. R. What enables rapid economic progress: What are the need institutions? Research Policy, v. 37, 2008, p. 1-11.

PESSALI, H; DALTO, F. A mesoeconomia do desenvolvimento econômico: o papel das instituições. Nova Economia, v. 20, n. 1, jan./abr. 2010, pp. 11-37

SALLES, A. O. T. Repensando desenvolvimento econômico no século XXI: instituições, sustentabilidade e outros desafios. Agenda Social, v. 5, n. 2, 2011. p. 1-23.

SALLES, A. O. T.; CAMATTA, R. B. O Utilitarismo de Jevons e a crítica de Veblen acerca da teoria do consumo. Revista Economia Ensaios, v. 28, n.2, jan./jun. 2014, pp. 77-108.

SALLES, A. O. T.; CAMATTA, R. B. Para além do consumo conspícuo: A teoria do consumo de Thorstein Veblen em A Teoria da Classe Ociosa e em The Theory of Business Enterprise. In: SALLES, A. O. T.; PESSALI, H. F.; FENÁNDEZ, R. G. Economia Institucional: Fundamentos Teóricos e Históricos. São Paulo: Unesp, 2017, pp. 337-70.

SALLES, A. O. T.; CAMATTA, R. B. A interpretação marginalista do consumo conspícuo: inconsistências e limitações da síntese neoclássica da Teoria da Classe Ociosa. Economia e Sociedade, Campinas, v. 29, n. 1, janeiro-abril 2020, pp. 237-71.

SOLOW, R. M. A. Contribution to the Theory of Economic Growth. The Quarterly Journal of Economics, v. 70, n. 1, 1956, pp. 61-95.

VEBLEN, T. B. [1898a]. Por que a Economia não é uma ciência evolucionária? In: SALLES, A. O. T.; PESSALI, H. F.; FENÁNDEZ, R. G. Economia Institucional: Fundamentos Teóricos e Históricos. São Paulo: Unesp, 2017, pp. 31-52.

VEBLEN, T. B. The Instinct of Workmanship and the Irksomeness of Labor. The American Journal of Sociology, v. 4, n. 2, Sep. 1898b, pp. 187-201.

VEBLEN, T. B. [1899] A teoria da classe ociosa: um estudo econômico das instituições. São Paulo: Nova Cultural, 1987.

VEBLEN, T. B. The Limitations of Marginal Utility. Journal of Political Economy, v. 17, n. 9, 1909.

VEBLEN, T. B. The Instinct of Workmanship and the State of the Industrial Arts. New York: The MacMillan Co., 1918.

VEBLEN, T. B. [1921]. The Enginners and the Price System. Kitchener: Batoche Books, 2001.

WILLIAMSON, J. (ed.) Latin American Adjustment: How Much Has Happened? Washington: Institute for International Economics, 1990.

Downloads

Publicado

2020-10-06