O DIZER DA ÉTICA E O DITO DA ONTOLOGIA: UMA ABORDAGEM LEVINASIANA
DOI :
https://doi.org/10.26694/pensando.v6i11.3314.g2245Mots-clés :
Ética, Ontologia, Justiça, LévinasRésumé
Pretende-se nesse artigo articular as noções de ética e política às noções do Dizer e do Dito, em uma perspectiva muito sutil apresentada por Emmanuel Levinas, para demonstrar como o sentido do humano se inicia na ética e necessariamente se dirige à política, uma vez que, para esse autor, a filosofia tem que ir ao fato social. Essa articulação se torna possível pela noção de justiça presente em dois momentos do humano: o momento inicial do frente a frente do Eu e do Outro ou ética e o momento em que a pluralidade se torna real pela presença do Terceiro, ou política. A preocupação levinasiana é, não só a de afirmar a primazia da ética em relação à política, no que diz respeito à ordem do acontecimento, mas também de demonstrar que a presença do Dizer original do frente a frente que se inscreve como exigência de justificativas para um Eu absoluto, deve permanecer na relação política, quando em sua impostação institucional a partir da Lei e do Estado pretenderem absolutizar-se em relação as demandantes da própria justiça. Assim, o Dito da Lei está sob os auspícios de um novo Dizer que pode destituir a razoabilidade daquele, exatamente pela presença de Terceiros, diferentes e não incluídos na ordem jurídica. A ordem politico-jurídica que em sua demora tem feições ontológicas, quando não se abre para o Dizer perene, pode tornar-se ordem violenta, tal qual a ordem que prepondera no fenômeno da guerra. O sentido do humano, segundo Levinas está na démarche da relação dual do frente a frente à multiplicidade das relações políticas alicerçadas na noção de justiça como exigência de justificação para a ação.
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