DISCURSO, ESCUTA E SILÊNCIO EM “SER E TEMPO”

Autores

  • Robson Costa Cordeiro UFPB

DOI:

https://doi.org/10.26694/pensando.v11i23.10784

Palavras-chave:

Heidegger, linguagem, discurso, escuta, silêncio

Resumo

Em “Ser e Tempo”, o discurso não significa originariamente a mera enunciação de frases e enunciados, referindo-se, antes, ao vir à presença daquilo que subitamente se impõe com a força, a surpresa e a novidade do movimento criador e inaugurador de realidade. Este súbito impor-se exige a escuta, que Heidegger considera não a partir das determinações cientificas da fisiologia ou da psicologia. A escuta não é um fenômeno da audição, mas sim ontológico, constituindo a essência da linguagem. Isso porque a linguagem antes de ser um dizer é um ouvir, de modo que só pode dizer algo quem pode ouvir, quem é “todo ouvidos”. Ouvir é corresponder ao apelo da fala do ser, que fala como aceno, como provocação, como aquilo que repercute silencioso no que foi dito. O silêncio não diz respeito ao movimento de introspecção, de ausculta da interioridade, mas sim ao abrir-se para o ser que cala em todo dizer. Nessa abertura, o silêncio do ser fala, ou melhor, o ser fala como silêncio.

Referências

ALLEMANN, Beda. Hölderlin y Heidegger. Traducción de E. G. Belsunce. Buenos Aires: Prometeo libros, 2011.

CARNEIRO LEÃO, Emmanuel. Apresentação. In: Ser e Tempo. Tradução de Márcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2002a.

FREUD, Sigmund. Recomendações ao Médico que Pratica a Psicanálise. In: Sigmund Freud: Obras completas, Vol. X. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

HEIDEGGER, Martin. Aclaraciones a la Poesía de Hölderlin. Traducción de Helena Cortés e y Arturo Leyte. Madrid: Alianza Editorial, 2009.

_________________. A Caminho da Linguagem. Tradução de Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2003.

_________________. Seminários de Zollikon. Tradução de Gabriella Arnhold e Maria de Fátima de Almeida Prado. São Paulo: EDUC; Petrópolis: Vozes, 2001.

_________________. Sobre o Humanismo. Tradução de Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1995.

_________________. Ser e Tempo (Parte I). Tradução de Márcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista: Universidade São Francisco, 2002a.

_________________. Ser e Tempo (Parte II). Tradução de Márcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista: Universidade São Francisco, 2002b.

MELO NETO, João Cabral de. Antologia Poética. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora – Sabiá, 1973.

NIETZSCHE, Friedrich. Assim falou Zaratustra. Tradução de Mário da Silva. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.

PESSOA, Fernando. Ficções do Interlúdio. Lisboa: Assírio & Alvim, 1998.

RILKE, Rainer Maria. Sonetos a Orfeu e Elegias de Duíno. Tradução de Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 1989.

Downloads

Publicado

20-09-2020

Como Citar

COSTA CORDEIRO, Robson. DISCURSO, ESCUTA E SILÊNCIO EM “SER E TEMPO”. PENSANDO - REVISTA DE FILOSOFIA, [S. l.], v. 11, n. 23, p. 144–159, 2020. DOI: 10.26694/pensando.v11i23.10784. Disponível em: https://periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/3518. Acesso em: 26 dez. 2024.

Edição

Seção

ARTIGOS/VARIA

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.