ENSINO DA COMPOSTAGEM COMO ALTERNATIVA PARA O APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS.
DOI:
https://doi.org/10.26694/1517-6258.357Palavras-chave:
COMPOSTAGEM, RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOSResumo
A geração excessiva de resíduos sólidos e a disposição final ambientalmente segura desses resíduos é um dos maiores desafios enfrentados pela sociedade moderna. Devido o aumento da população, o gerenciamento inadequado e a ausência de áreas de disposição final tem-se aumentado a preocupação mundial em relação aos resíduos sólidos. O manejo inadequado desses resíduos gera problemas socioambientais, econômicos e de saúde pública. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS, Lei 12.305/2010) visa estimular mudanças consideráveis na forma de gerenciar resíduos sólidos no Brasil. Entre essas mudanças destaca-se o envio obrigatório de resíduos para reciclagem e compostagem. Aterros sanitários passaram a constituir a forma legalmente adequada de disposição final somente para resíduos que depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos viáveis não possuem outra possibilidade que não a disposição final (BRASIL, 2010).
Quanto a composição dos resíduos sólidos urbanos (RSU) cerca de 51,4% dos resíduos gerados nas cidades brasileiras é constituída por resíduos orgânicos (IBGE, 2010). Segundo Siqueira e Assad (2015) os resíduos orgânicos quando dispostos em aterros ou lixões causam elevados impactos ambientais, reduzem o tempo de vida útil dos aterros e geram despesas que poderiam ser evitadas. Ainda segundo as autoras, uma forma viável e sustentável de reciclar um volume tão grande de resíduos orgânicos é processá-lo por meio da compostagem e aproveitá-lo na agricultura urbana e rural como adubo. Porém, estima-se que apenas 1,6% desses resíduos sejam aproveitados desta maneira no país (IPEA, 2012).
A técnica da compostagem pode ser compreendida como sendo o processo de decomposição biológica da matéria orgânica sob condições controladas de aerobiose, temperatura e umidade, gerando um produto estável (DE BERTOLDI; VALLINI; PERA, 1983), denominado composto ou adubo orgânico. O processo envolve transformações de natureza bioquímica promovidas pelos microrganismos presentes no próprio material ou que nele são adicionados, esses microrganismos utilizam a matéria orgânica in natura como fonte de energia, nutrientes minerais e carbono, promovem a mineralização de parte do material e a humificação de outra parte (BUDZIAK, MAIA, MANGRICH, 2004). Segundo Gomes et al. (2015), a compostagem é uma alternativa para o tratamento dos resíduos orgânicos e, por meio dela, consequentemente, ocorre a minimização da parcela a ser encaminhada ao aterro sanitário, o que também colabora para a redução da concentração da carga orgânica no lixiviado gerado e a redução da emissão de gases de efeito estufa para a atmosfera.
Diversos municípios piauienses ainda não possuem sistemas efetivos de gestão que garantam a correta destinação dos resíduos sólidos principalmente em comunidades rurais, sendo necessárias ações que revertam e/ou reduzam esse quadro. Nesse contexto, o presente estudo teve por objetivo ensinar técnicas de compostagem com base na segregação da fração orgânica dos resíduos sólidos domiciliares na fonte geradora junto à comunidades rurais do município de Pio IX-PI, partindo da hipótese de que o ensino da compostagem auxiliará na correta destinação dos resíduos orgânicos gerados na comunidade. Para esse estudo o ensino das técnicas de compostagem foi de grande relevância, uma vez que, boa parte da população amostrada passou a aproveitar a fração orgânica dos resíduos sólidos domiciliares, garantindo assim um destino ambientalmente correto para esses resíduos.
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