Na Encruzilhada com Mekarõ: entidades afro-brasileiras e indígenas na aldeia Amtáti Kỳikatêjê, sudeste do Pará

Autores

  • Celeste Cacau Mulato Gavião Unifesspa
  • Daniele Nascimento de Freitas Unifesspa
  • Jerônimo Silva e Silva Unifespa

DOI:

https://doi.org/10.26694/rer.v7i1.6015

Palavras-chave:

Amtáti Kỳikatêjê; Encantados; Mekarõ; Amazônia.

Resumo

Genericamente denominados de “Gavião” ou “Gaviões do Pará”, as etnias ou grupos autodenominados de Kỳikatêjê, Parkatêjê e Akrãtikatêjê estão situados na Terra Indígena Mãe Maria, próximo à cidade de Bom Jesus do Tocantins e da cidade de Marabá, na margem direita do rio Tocantins, Sudeste do Pará. Submetidos ao convívio forçado causado pelo avanço violento dos não indígenas em suas terras, extermínios, epidemias e exploração da extração da castanha, dentre outros, os Gavião tem construído estratégias para o fortalecimento das tradições culturais no contexto das relações de contato com os não indígenas. Nesta proposta, tendo como recorte narrativas orais de caçadores da aldeia Amtáti Kỳikatêjê acerca dos encontros na mata com os mekarõ (espíritos) ou entidades protetoras da mata, denominadas também de Kupēpuxititi (Pai da Mata), a etnografia pretende refletir sobre formas de apropriações da cosmologia indígena junto a entidades de religiões afro-brasileiras (encantados) no âmbito dos contatos interculturais.

Biografia do Autor

Celeste Cacau Mulato Gavião , Unifesspa

Possui ensino-medio-segundo-grau pela Escola Estadual Indígena de Ensino Fundamental e Médio Tatakti Kyikatêjê(2016). Acadêmica do curso de Física, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, tem experiência na área de Astronomia indigena, mitos e saberes indígenas 

Daniele Nascimento de Freitas , Unifesspa

Atualmente é bolsista da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará. Acadêmica de História da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará. Tem experiência na área de História, com ênfase em História Indígena, Mitos e saberes indígenas

Jerônimo Silva e Silva, Unifespa

Professor Adjunto na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará; Lotado no Instituto de Ciências Humanas - Faculdade de Educação do Campo (FECAMPO), onde tem discutido Interdisciplinaridade, Epistemologia, Antropologia Filosófica e Interculturalidade. Exerce liderança compartilhada no Grupo de Pesquisa em Estudos Culturais na Amazônia (GECA/CNPq/UFPA) e é líder do Grupo de Pesquisa LEBARA - RELIGIÃO E SOCIEDADE

Referências

ARNAUD, Expedito. Os índios Gaviões do Oeste. Pacificação e Integração. Belém, Museu Paraense Emílio Goeldi, 1975.

AZANHA, Gilberto. A "Forma Timbira": Estrutura e Resistência. Dissertação. (Mestrado em Antropologia) Universidade de São Paulo, São Paulo,1984.

CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. Os Mortos e os Outros: Uma análise do sistema funerário e da noção de pessoa entre os índios Krahó. São Paulo: Ed. Hucitec, 1978.

CASCUDO, Luís da Câmara. Geografia dos mitos brasileiros. São Paulo: Edusp, 1983.

DA MATTA, Roberto; LARAIA, Roque de Barros. Índios e castanheiros: a empresa extrativa e os índios no médio Tocantins. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1967.

DELUMEAU, Jean. História do Medo no Ocidente: 1300-1800, uma cidade sitiada. Tradução de Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

FERNANDES, Rosani. Educação Escolar Kỳikatêjê: novos caminhos para aprender e ensinar. Dissertação (Mestrado em Direito), Universidade Federal do Pará, Belém, 2010.

FERRAZ, Iara. Os Pàrkatêjê das matas do Tocantins: a epopéia de um líder Timbira. São Paulo: USP, 1984.

FERRAZ, Iara. De “Gaviões” à “Comunidade Pàrkatêjê'': uma reflexão sobre os processos de reorganização social. Tese (Doutorado em Antropologia Social), PPGAS/Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1998.

FERREIRA, Tayana Cortez. O processo de construção da aldeia Akrãtikatêjê: memória e retomada aos Mãnkatêjê da Montanha. Dissertação de Mestrado. Marabá: Unifesspa, 2020.

FERRETTI, Mundicarmo. A Encantaria de ‘Barba Soeira’: Codó, capital da magia negra? São Luís: Siciliano, 2001.

GALVÃO, Eduardo. Santos e Visagens: um estudo da vida religiosa em Itá, Amazonas. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1975.

LUCCA, Taíssa Tavernad. de. Tem branco na guma: a nobreza europeia montou corte na encantaria mineira. Tese de Doutorado Antropologia. Belém: Universidade Federal do Pará, 2010.

LUKESCH, Anton. Mito e vida dos índios Caiapós; tradução de Trude Arneitz von Laschan Solstein. São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1976

MALHEIRO, Bruno Cesar Pereira. Colonialismo Interno e Estado de Exceção: a 'emergência' da Amazônia dos Grandes Projetos. CADERNO DE GEOGRAFIA, v. 30, 2020, p. 74-98.

MANTILLA, Elisabeth. A construção de um Plano de Vida: A experiência coletiva de aprender a ser Kỳikatêjê dentro dos conflitos territoriais da Amazônia. Dissertação (Mestrado em Dinâmicas Territoriais e Sociedade na Amazônia), Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, Marabá, 2021.

MAUÉS, Raymundo Heraldo. A ilha encantada: medicina e xamanismo. Belém: UFPA, 1990.

MAUÉS, Raymundo Heraldo. Padres, Pajés, santos e festas: catolicismo popular e controle eclesiático. Um estudo antropológico numa área do interior da Amazônia. Belém: Cejup, 1995.

MELATTI, Júlio César. Ritos de uma tribo Timbira. São Paulo: Editora Ática, 1978.

MIRANDA, Adenilson Barcelos. Os “Gavião da Mata”: uma história da resistência timbira ao Estado. Dissertação (Mestrado em História), Pontifícia Universidade Católica, Goiás, 2015.

MONTERO, Paula. (Org.). Deus na aldeia: missionários, índios e mediação cultural. Rio de Janeiro: Editora Globo, 2006.

MUCHEMBLED, Robert. Uma história do diabo: séculos XII-XX. Rio de Janeiro: Bom Texto, 2001.

NIMUENDAJÚ, Curt. A habitação dos Timbira. Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, n. 8 Rio de Janeiro, 1944, p. 76-101.

NIMUENDAJU, Curt. The Eastern Timbira. Berkeley and Los Angeles. University of California Publications in American Archaelogi dan Ethnology, v. 41, 1946.

PACHECO, Gustavo de Britto Freire. Brinquedo de Cura: um estudo sobre a pajelança maranhense. Tese de Doutorado em Antropologia. Rio de Janeiro: UFRJ, 2004.

PRANDI, Reginaldo. Encantaria Brasileira: o livro dos mestres, caboclos e encantados. Rio de Janeiro: Pallas, 2004.

QUINTAS, Gianno. Entre maracás, curimbas e tambores: pajelanças nas religiões afrobrasileiras. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Universidade Federal do Pará, Belém, 2007.

RIBEIRO JÚNIOR, Ribamar. “Nós estamos igual Kaprán”: um estudo da Terra Indígena Mãe Maria no contexto dos neoaldeamentos. Tese de Doutorado Antropologia. Belo Horizonte: UFMG, 2020.

SCHULTZ, Harald. "Lendas dos índios Krah6", Revista do Museu Paulista n. s. vol. 4, 1950, p. 49-164.

SILVA, Jerônimo; SARRAF-PACHECO, Agenor. “Diásporas de Encantados na Amazônia Bragantina”. Horizontes Antropológicos, 21(43):2015, p. 129-156.

SILVA, Jerônimo da Silva; SILVEIRA, Flávio Leonel Abreu. Enrabamento, cura e proteção: cosmologias do caboclo ataíde no nordeste paraense. MANA 27(1): 2021, p. 1-38.

SILVA, Jerônimo. Cartografia de Afetos na Encantaria: narrativas de mestres na Amazônia Bragantina. Tese de Doutorado, Universidade Federal do Pará, Belém, 2014.

SILVA, Jerônimo. Tarrafa, Anzol & Flecha: tecnologia Xamânica de predação entre humanos e encantados no nordeste paraense. Revista Anthropológicas, 29(1): 2018, p. 28-57.

SILVA, Joel Pantoja. Patrimônios, narrativas e encantaria no Marajó. Tese de Doutorado, Universidade Federal do Pará, Belém, 2019.

WAWZYNIAK, João Valentim. “‘Engerar’: uma categoria cosmológica sobre pessoa, saúde e corpo”. Ilha, 5 (2): 2003, p. 33-55.

Downloads

Publicado

2025-02-24

Como Citar

MULATO GAVIÃO , Celeste Cacau; NASCIMENTO DE FREITAS , Daniele; SILVA E SILVA, Jerônimo. Na Encruzilhada com Mekarõ: entidades afro-brasileiras e indígenas na aldeia Amtáti Kỳikatêjê, sudeste do Pará. Revista EntreRios do Programa de Pós-Graduação em Antropologia, [S. l.], v. 7, n. 1, p. 29–57, 2025. DOI: 10.26694/rer.v7i1.6015. Disponível em: https://periodicos.ufpi.br/index.php/entrerios/article/view/6015. Acesso em: 12 jun. 2025.

Artigos Semelhantes

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.