TEM REMÉDIO PARA APRENDER? EXPERIÊNCIA COM DOCENTES DAS SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS
DOI:
https://doi.org/10.26694/caedu.v5i3.4620Palavras-chave:
Medicalização da educação, Psicologia Histórico-Cultural, Formação docenteResumo
Este trabalho tem como princípio norteador a ideia de que as múltiplas denominações relativas ao conceito de normalidade vão sendo tecidas nas relações históricas ao longo do desenvolvimento das sociedades. Faremos o relato de uma experiência que objetivou ampliar o conhecimento dos professores sobre o fenômeno da medicalização da educação que consiste em patologizar e prescrever remédios para os desafios escolares. A ação foi desenvolvida com um grupo de 18 docentes que atuavam na educação básica nas Salas de Recursos Multifuncionais de um município da grande Natal. O recurso utilizado foi a roda de conversa para discutir, participativamente, o tema. No desenvolvimento da experiência utilizamo-nos de algumas referências teóricas da Psicologia Histórico-Cultural a fim de organizar a discussão e sistematização dos conhecimentos. O trabalho desenvolvido evidenciou a necessidade de investirmos em processos de formação permanente, posto que a patologização dos transtornos e das deficiências faz com que a discussão sobre os desafios dessa ordem, que acontecem na escola, distanciem-se do campo educacional e aproximem-se dos discursos médicos.
Palavras-chaves: Medicalização da educação; Psicologia Histórico-Cultural; Formação docente.
Downloads
Referências
BARRETO, M. da A.; GUIMARÃES, J. C. Medicalização da educação e as pessoas com deficiência: um ensaio teórico. Revista de Casos e Consultoria, [S. l.], v. 12, n. 1, p. e24800, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/casoseconsultoria/article/view/24800. Acesso em: 3 ago. 2023.
BONADIO, Rosana Aparecida; MORI, Nerli Nonato Ribeiro. Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade: diagnóstico e prática pedagógica. Maringá: Eduem, 2013.
BARROCO, S. M. S; LEITE, L. P. (2021). Por uma compreensão não patológica da deficiência. In: N. S. T. LEONARDO; SILVA. M. C. da S; LEAL Z.F.R.G. (Org.). A (des)patologização do processo de escolarização: contribuições da psicologia histórico-cultural (1a ed., pp. 251-276). Eduem.
BRASIL. Ministério da Educação. Portaria normativa Nº- 13 de 24 de abril de 2007. Dispõe sobre a criação do "Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais. Brasília, 2007. Disponível em: https://abmes.org.br/legislacoes/detalhe/235/portaria-normativa-n-13. Acesso em: 03 de agosto de 2023.
CHAGAS, J. C.; PEDROZA, R. L. S. Patologização e Medicalização da Educação Superior. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Vol. 32 n. esp., pp. 1-10, 2016. https://doi.org/10.1590/0102-3772e32ne28
CHAGAS, J. C. Atuação da psicologia escolar frente à patologização e medicalização da educação superior. 2018. xv, 226 f. Tese (Doutorado em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde). Universidade de Brasília, Brasília, 2018.
COLLARES, C. A. L; MOYSÉS, M. A. A. A transformação do espaço pedagógico em espaço clínico (a patologização da educação). [2010]. Disponível em: http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_23_p025-031_c.pdfmar. Acesso em: 18 de janeiro de 2021.
GARCIA, R. M.C. A educação de sujeitos considerados portadores de deficiência: contribuições vygotskianas. Ponto de Vista, Vol.1, pp. 4-90, 1999.
GUGEL, M. A. A pessoa com deficiência e sua relação com a história da humanidade. AMPID (Associação Nacional dos Membros do ministério Público de defesa dos Direitos dos idosos e Pessoas com Deficiência), 2015. Disponível em http://www.ampid.org.br/ampid/Artigos/PD_Historia.php Acesso em: 24/03/2023.
LEONTIEV, Alexis. O desenvolvimento do psiquismo. 2 ed. São Paulo: Centauro, 2004.
LOURO, G.L. Pedagogias da Sexualidade. In: LOURO, G. L. (org.) O corpo educado: Pedagogias da Sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 1999
MAGALHÃES, R. C. B; RUIZ, E. M. Estigma e currículo oculto. Revista Brasileira de Educação Especial [online]. 2011, v. 17, p. 125-142, 2011. https://doi.org/10.1590/S1413-65382011000400010
PATTO, Maria Helena de Souza. A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia. São Paulo: T.A. Queiroz, 1991.
PATTO, Maria Helena de Souza. A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia. São Paulo: Intermeios, 2015.
SANTANA, Ana Paula; SIGNOR, Rita. TDAH e medicalização: implicações neurolinguísticas e educacionais do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. São Paulo: Plexus, 2016.
SANTOS, B. S. A Cruel pedagogia do vírus. Coimbra: Edições Almedina, S.A., 2020.
SAVIANI, D. Pedagogia histórico crítica: primeiras aproximações. 7 ed. Campinas: Autores Associados, 2000.
SCHMIDT, M. Nova História Crítica. São Paulo: Nova Geração, 2011.
VECHIATTO, Lorena. Uma investigação das ações e expectativas da escola a partir dos diagnósticos de TDAH e Dislexia: Contribuições da Psicologia Histórico-Cultural. Dissertação de mestrado. Universidade Estadual de Maringá, 2019. Maringá-PR.
VIGOTSKY, Lev Semionovitch. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. In: Vigotsky, L. S., Luria, A. R., Leontiev, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 5ª ed. São Paulo: Cone, p. 103-117, 1988.
VIGOTSKY, Lev Semionovitch. A defectologia e o estudo do desenvolvimento e da educação da pessoa anormal. Revista Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 37, n. 4, p. 861-870, dez. 2011. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/ep/v37n4/a12v37n4.pdf>. Acesso em: 16 dezembro de 2022.
VYGOTSKY, Lev Semionovitch. Obras Escogidas. Tomo III. Historia del desarrollo de las funciones psíquicas superiores. 1931. Disponível em: <http://www.taringa.net/perfil/vygotsky>. Acesso em: 20 abr. 2017.
WARSCHAUER, Cecília. A Roda e o Registro: uma parceria entre professores, alunos e conhecimento. Paz e Terra: São Paulo, 2017.