“Ninguém tem medo de encantado! Eles nos ensinam tanto”
A criança pajé e as incorporações mediúnicas no Templo Amançuy do Amanhecer em Teresina – PI
Keywords:
Criança pajé, Memória, Encantados;, ReligiosidadeAbstract
Aqui analiso a percepção das crianças pajés sobre os encantados que incorporam durante os rituais do templo Amançuy do Amanhecer a partir da etnografia vivenciada no templo. Os templos da doutrina do Vale do Amanhecer se intitulam como pertencente a uma tradição Nova Era, que promove a circulação global de experiências espirituais (AMARAL, 2000). No Vale do Amanhecer, as incorporações mediúnicas de Pretos Velhos, Sereias, Caboclos e irmãos obsessores ocorrem sem gerar medo nas crianças, que entendem o corpo como um veículo para transmitir as mensagens das entidades. Nesse sentindo, o corpo como “mediador e a experiência como pública” (FALCÃO, 2010). A relação entre magia e simbologia no contexto de surgimento do ritual dos Pequenos Pajés é articulada a partir dos livros autobiográficos de Neiva Chaves Zelaya, mulher, caminhoneira e mentora da doutrina. A metodologia inclui narrativas, desenhos, fotos, vídeos, rodas de conversa e grupos focais, em conjunto com técnicas clássicas de pesquisa antropológica, revelando novas perspectivas sobre a atuação infantil no campo religioso. Apresento o resultado das vivências com crianças e adultos do templo do Amançuy do Amanhecer, em Teresina – PI, entre 2018 e 2019. As crianças, por sua vez, emergem como protagonistas de suas histórias, ativas política e socialmente, com lugares sociais e rituais definidos. A ativa participação destas nas atividades propostas ilumina novas possibilidades de compreensão do campo; assim como as especificidades da pauta ética na relação adulto-crianças.