A TESE DO “FIM DA ARTE” E O CARÁTER DE ATUALIDADE DO BELO: REFLEXÕES HERMENÊUTICO-FILOSÓFICAS

Auteurs

  • Almir Ferreira da Silva Jr UFMA

DOI :

https://doi.org/10.26694/pensando.v8i16.6625

Mots-clés :

arte, hermenêutica, atualidade, verdade, Gadamer

Résumé

Discute-se a importância da tese do fim da arte, anunciada por Hegel em suas Preleções sobre a estética, como condição de possibilidade para uma reflexão hermenêutico-filosófica sobre a atualidade do belo. Mesmo considerando-se o conjunto de críticas hermenêuticas dirigidas à estética hegeliana, quando se trata de pensar a arte moderna a tese do “fim da arte” sobressai como paradigmática, seja no que se refere a interpretação das mudanças das configurações artísticas, seja no tocante à sua ressignificação enquanto um acontecimento e experiência de verdade. Ora, mas o que justifica o diálogo de Gadamer com Hegel quando se trata de pensar a atualidade do belo? Em que medida a tese hegeliana do fim da arte, em seu caráter paradigmático, é compatível com a reflexão hermenêutica da arte como experiência que acontece no médium da linguagem e sob a vigilância da efetividade histórica? Se, por um lado, a sentença do “fim da arte”, ou mesmo caráter pretérito da arte, nos remete a pensar em sua insuficiência enquanto darstellung, convertendo-a em objeto do pensamento, ou mesmo em sua dissolução em favor da religião e da filosofia, o que no idealismo estético hegeliano apenas pode ser entendido no devir histórico da Ideia; por outro, a referida tese possibilita uma reflexão filosófica da arte que, por sua vez, reivindica uma pretensão de verdade diferente da tradicional. Eis porque, na compreensão gadameriana, a tese hegeliana do caráter passado da arte corresponde a uma pré-formulação acerca de nossas questões sobre a arte quando se trata de repensarmos a atualidade do belo. Ressalta-se que o diálogo hermenêutico entre Gadamer e Hegel só é possível pela evidência de uma proximidade a partir da diferença, e pelo reconhecimento de que em ambos o domínio do belo artístico é tomado enquanto uma declaração atualizada de verdade.

Références

HEIDEGGER, M. A origem da obra de arte. Trad. de M. da C. Costa. Lisboa: Edições 70, 1991, p.. 87.

HEGEL, G.W.F. Cursos de Estética I. Trad. Marco Aurelio Werle. São Paulo: Edusp, 1999.

HEGEL, G.W.F. Cursos de Estética II. Trad. Marco Aurelio Werle e Oliver Tolle. São Paulo: Edusp, 2000

GADAMER, H-G. Verdade e métod I. Trad. Flavio Paulo Meurer. 7ª Ed. São Paulo: Ed. Vozes, 2005.

_____. La actualidad de lo bello. Trad. Antonio Gomez Ramos. Buenos Aires, 1998.

_____. Herança e futuro da Europa. Trad A. Hall. Lisboa: Edições 70, 1998.

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Publiée

2018-03-04

Comment citer

FERREIRA DA SILVA JR, Almir. A TESE DO “FIM DA ARTE” E O CARÁTER DE ATUALIDADE DO BELO: REFLEXÕES HERMENÊUTICO-FILOSÓFICAS. PENSANDO - REVUE DE PHILOSOPHIE, [S. l.], v. 8, n. 16, p. 193–208, 2018. DOI: 10.26694/pensando.v8i16.6625. Disponível em: https://periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/3404. Acesso em: 26 déc. 2024.

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