A ONTOLOGIA HERMENÊUTICA NA FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
DOI:
https://doi.org/10.26694/pensando.v10i19.7621Resumen
Em uma conferência ocorrida em Paris em 1962, sobre Die philosophischen Grundlagen des swanzigsten Jahrhunderts, Gadamer pôs a claro, no modo mais sintético e perspícuo, o significado que se atribui à sua ontologia hermenêutica no quadro da problemática filosófica hodierna. O ponto de partida da filosofia de hoje, disse Gadamer, permanece ainda Hegel: um Hegel em que o conceito dominante não é aquele da Versöhnung, da conciliação e, portanto, do sistema completo, da autotransparência do espírito absoluto; mas o conceito de espírito objetivo. Em base a esse conceito se pode afirmar que Hegel triunfa sobre todos os críticos que fizeram valer contra ele o alcance do conhecimento objetivo das ciências.[1] O processo de uma “socialização” sempre mais acentuada do homem contemporâneo, antes de ser um fenômeno a se avaliar moral e politicamente, é uma confirmação da atualidade desta noção hegeliana: na época do homem socializado, vale mais do que nunca aquilo que Hegel – para tomar o exemplo mais notório e significativo de sua polêmica antikantiana – observa contra a moral de Kant, isto é, que os fenômenos morais não se deixam descrever exaurientemente em base à doutrina do imperativo categórico. “A situação em que em geral se pode instaurar uma reflexão moral é já sempre uma situação excepcional, uma situação de conflito entre dever e inclinação, de escrupulosidade da consciência e de destacado exame de si”.[2] Ademais, a vida moral se identifica com a pertença – que não é puramente imediata, mas tampouco alcança o outro extremo, excepcional, da reflexão explícita – ao “costume”, às instituições, em suma, precisamente àquilo que Hegel chamou de espírito objetivo.
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