MAQUIAVEL NA INGLATERRA: O LEITOR DAVID HUME

Autores

  • Nilo Henrique Neves dos Reis UEFS

DOI:

https://doi.org/10.26694/.v10i21.8953

Palavras-chave:

Maquiavel, Hume, Familiaridade, Influência

Resumo

Os escritos de Nicolau Maquiavel foram lidos por várias pessoas de modo não confessional desde a sua divulgação. Indícios apontam que os ingleses tiveram acesso as suas obras já no reinado de Henrique VIII, ainda que de forma restrita à elite inglesa, que tinha familiaridade com o idioma italiano. Decerto que as obras do florentino ofereceram uma sólida contribuição ao pensamento político inglês, o que, por sua vez, estimulou uma reflexão crítica ao fenômeno político, bem como aos valores vigentes, pois, como se sabe, suas ideias serviram de inspiração para muitos escritores. A bem da verdade, cotejando as produções inglesas, principalmente após a guerra civil, sente-se a influência de Maquiavel. David Hume, que viveu entre 1711 a 1776, dois séculos depois da circulação dos escritos na Inglaterra, quando o florentino já era um referencial ali, não tinha como desconhecer as contribuições dos escritos políticos de Maquiavel, já que uma série de autores faziam referência diretas a ele, muitos dos quais, comentados pelo escocês. Em uma época em que era pernicioso fazer menções louváveis ao pensamento do florentino, há vestígios de que Hume usou estratégias para colocar suas posições próximas, e dado aos indícios encontrados neste escrito, defende-se a posição de que a familiaridade do escocês com os textos de Maquiavel era grande, visto que ele conhecia bem o “corpus machiavellicus”.

Referências

ALTINI, Carlo. “Inghilterra” In: Machiavelli. Enciclopedia Machiavelliana (a cura di Gennaro Sasso). Roma: Treccani, v. II, pp. 18-23, 2014.

ARIENZO, Alessandro. “From Machiavellian Policy to Parliamentary reason of state: sketches in early Stuart political culture In Machiavellian Encounters” In: Tudor and Stuart England. Literary and Political influences from the Reformation to the Restoration. Farnham: Ashgate, 2013.

BARON, Hans. En busca del humanismo cívico florentino: ensayos sobre el cambio del pensamiento medieval al moderno. México: Fondo de Cultura Económica, 1993.

BIGNOTTO, Newton. “Nota metodológica: Guicciardini leitor de Maquiavel”. In: Discurso, número 29. São Paulo, 1998, 111-131.

BOBBIO, Norberto. Teoria geral da política: a filosofia política e as lições dos clássicos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000.

BONGI, S. “Un aneddoto di bibliografia Machiavellesca”. In: Archivo Storico Italiano, 5ª Serie – XIX. Firenzi: G.P. Vieusseux, 1897.

BOQUET, Guy. Teatro e sociedades: Shakespeare. São Paulo: Perspectiva, 2012.

CILIBERTO, Michele. “Machiavelli e Il Principe nell’Inghilterra tra il XVI e il XVII secolo”. In: Il Principe di Niccolò Machiavelli e il suo tempo: 1513 – 2013. Roma: Treccani, 2013.

COLI, Daniela. Hobbes, Roma e Machiavelli nell’Inghilterra degli Stuarts. Firenze: Casa Editrice le Lettere, 2009.

COSPITO, Giuseppe. “Machaivelli e Hume: Tra scrittoio e tavalo da giocco”. In: I castelli di Yale online. Anno II, numero 1, 2014.

DA GAMBA BASSANO, Bartolomeo. Serie dei testi di lingua. E di altre opere importanti nella italiana letteratura scritte dal secolo XIV al XIX. Venezia: Arnaldo Forni, MDCCC XXXIX.

DANFORD, John W. “Getting our bearings: Machiavelli and Hume”. In: Machiavelli’s liberal republican legacy. Cambridge: Cambridge University Press, 2010.

FIRPO, Massimo. “Il volto, la Maschera, la caricatura. Sulla celebre ‘testina’ di Niccolò Machiavelli”. In: Rivista dell’Istituto Nazionale de Studi sul Rinascimento. LII, 2012.

FRAJESE, Vittorio. “Index librorum prohibitorum”. In: Machiavelli. Enciclopedia Machiavelliana (a cura di Gennaro Sasso). Roma: Treccani, v. II, pp. 12-17, 2014.

FRAJESE, Vittorio. Nascita dell’Indice. La censura ecclesiastica dal Rinascimento ala Controriforma. Editrice Morcelliana: Brescia, 2008.

GERBER, A. “All of five fictitious Italian Editions of writings of Machiavelli and three of those of Pietro Aretino printed by John Wolfe of London (1584-1589)”. II In: Modern Language Notes, Vol. 22, nº 5 (May, 1907).

Greig, J.Y.T. The letters of David Hume. Oxford: At the Clarendon Press, 1932.

GUICCIARDINI, Francesco. Considerazioni intorno ai Discorsi del Machiavelli: sopra la prima deca di Tito Livio. Edição facsimile da CreatSpace Independent Publis, 2019.

HUME, David. Ensaios morais, políticos e literários. Rio de Janeiro: Topbooks, 2004.

HUME, David. Uma investigação sobre os princípios da moral. Campinas: Unicamp, 1999.

HUME, David. The History of England: from the Invasion of Julius Caesar to The Revolution in 1688. 6 v. Indianapolis: Liberty Fund, 1983.

HUME, David. Tratado da natureza humana: uma tentativa de introduzir o método experimental de raciocínio nos assuntos morais. São Paulo: UNESP, 2001.

KLIBANSKY, Raymond, MOSSNER, Ernest C. New letters of David Hume. Oxford: At the Clarendon Press, 1969.

LEFORT, Claud. Maquiavelo: Lecturas de lo político. Fernández: Trotta, 2010.

MACHIAVELLI, Niccolò. Clizia. Firenze: Einaudi, 1971.

MAQUIAVEL, Nicolau. Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio. São Paulo: Martins Fontes, 2007b.

MACHIAVELLI, Niccolò. The Prince. London: Long Acre, 1905.

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Edição bilíngue. São Paulo: Hedra, 2007a.

MARTINS, José Antônio. Os fundamentos da república e sua corrupção nos Discursos de Maquiavel. 2007. Tese (Doutorado em Filosofia), Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.

MEYER, Edward. Machiavelli and the Elizabethan Drama. Wiemar: Verlog Von Emil Felber, 1897. Edição facsimile da Kessinger Publishing, 2007.

MONTEIRO, João Paulo. Hume e a epistemologia. Vila da Maia: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1984

MORTON, A.L. A história do povo inglês. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1970.

NORTON, David Fate. “A introduction to Hume’s thought”. In: Hume. Cambridge: Cambridge University Press, 2005.

NORTON, David Fate. “Editors’ Annotations” In: A Treatise of human nature. Vol. 2. Edited by David Fate Norton and Mary J. Norton. Oxford: Clarendon Press, 2011.

ORSINI, Napoleone. “Elizabethan manuscript translation of Machiavelli’s Prince”. In: Journal of the Warburg Institute, vol. 1, nº 2 (Oct. 1937a).

ORSINI, Napoleone. Studii sul Rinascimento Italiano in Inghilterra. Con alcuni testi inglesi inediti. Firenzi: G. C. Sansoni, 1937b.

POCOCK, J.G.A. The machiavellian moment. Florentine political thought and the Atlantic Republican tradition. New Jersey: Princeton, 2003.

POLE, Cardenal. “Apología Ad Carolum Quintum Caesarem”. In: El Cardenal Pole de la política como virtud en tiempos de El Príncipe. Madrid: Unión Editorial, 2013.

POLE, Cardenal. Defense of the Unity of the Church. Westminster, Mariland: The Newman, 1965.

PRAZ, Mario. Machiavelli in Inghilterra ed altri saggi. Firenzi: Tumminelli, 1943.

PRAZ, Mario. “The flaming heart: essays on Crashaw, Machiavelli, and other studies”. In: the relations between Italian and English literature from Chaucer to T.S. Eliot by Mario Praz. New York: The Norton, 1973.

PUIGDOMÈNECH, Helena. Maquiavelo en España. Madrid: Fundación Universitaria Española, 1988.

RAAB, Felix. The English Face of Machiavelli. A changing interpretation 1500 – 1700. London: Routledge, 2013.

SALTEL, Philippe. “Machiavel Himself…”: Hume et le “Secrétaire de Florence”. In Revue philosophique de la France et de l’étranger, nº 1, tome 133, 2008, p. 31-42.

TARANTINO, Maurizio. “Testina” In: Machiavelli. Enciclopedia Machiavelliana (a cura di Gennaro Sasso). Roma: Treccani, v. II, pp. 609-610, 2014.

WEBER, Max. A política como vocação. São Paulo: Cultrix, 2004.

WHELAN, Frederick. Hume and Machiavelli: political realism and liberal thought. Maryland: Lexington Books, 2004.

WHITFIELD, J.H. The Charlecote Manuscript of Machiavelli’s “Prince”. (Reprinted from Italian Studies, Vol. XXII, 1967).

YATES, Frances A. “Italian Teachers in Elizabeth England”. In: Journal of the Warburg Institute, V. 1, nº 2 (Oct., 1937).

Downloads

Publicado

24-01-2020

Como Citar

NEVES DOS REIS, Nilo Henrique. MAQUIAVEL NA INGLATERRA: O LEITOR DAVID HUME. PENSANDO - REVISTA DE FILOSOFIA, [S. l.], v. 10, n. 21, p. 79–98, 2020. DOI: 10.26694/.v10i21.8953. Disponível em: https://periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/3493. Acesso em: 22 dez. 2024.

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.