O VOLTAR-SE DE ARENDT ÀS ATIVIDADES DO ESPÍRITO
DOI:
https://doi.org/10.26694/ca.v1i1.1779Palavras-chave:
Hannah Arendt; Atividades do espírito; Vida Contemplativa.Resumo
Objetiva-se discorrer sobre as motivações que levaram Hannah Arendt a voltar sua atenção às atividades da vida contemplativa. Toma-se como justificativa a estranheza que causou a alguns o interesse de Arendt pelas atividades do espírito. Tal questionamento partiu da compreensão de que o voltar a atenção às atividades do espírito parece avesso a quem sempre fez questão de excluir-se do rol dos filósofos. Soma-se ao objetivo acima apresentar os traços característicos das atividades espirituais no sentido de compreender que tais características são inerentes às atividades do espírito, à própria experiência do pensar, do querer e do julgar e não significam desprezo pelo mundo ou desqualificação das atividades da vida ativa. O artigo estabelece como hipótese que uma investigação mais atenta da obra de Hannah Arendt permite comprovar que a filósofa não caíra em contradição, tampouco fora levada a reconhecer como verdadeiro o que negara anteriormente. Trata-se de pesquisa bibliográfica assentada na análise e compreensão do texto de Hannah Arendt A vida do espírito e da biografia de Arendt escrita por Elisabeth Young-Bruehl Por amor ao mundo: a vida e a obra de Hannah Arendt. Concluiu-se que a investigação acerca da vida contemplativa da condição humana realizada por Arendt não constitui uma ruptura com aquilo que a filósofa defendeu anteriormente em sua obra, mas aponta para o caminho de compreensão do ser humano em suas dimensões ativa e contemplativa. Deste modo, a obra A vida do espírito consolida a proposta, sempre presente, de Arendt de investigar os dois modos de vida que compõem a condição humana, a vida ativa e a vida contemplativa, apresentando não uma distância intransponível entre elas, mas um imbricamento fundamental.