Tornando-se Antropologues em meio a Precariedades Multifacetadas
Disciplinas acadêmicas prosperam e sobrevivem por vários motivos. Na antropologia, a disciplina abre caminho tecendo movimentos espirais que consideram o tempo, o espaço, gênero, raça, economia, religião, política e outras intersecções – criando práticas de fazer-mundos, tais como teorias, métodos e carreiras. A produção do conhecimento antropológico é vasta — já que sua força motora vem do estudo do humano em relação com: outros humanos e mais-que-humanos, agências que fazem parte do planeta e compõem a vida social — tornando-se difícil medir seu escopo de pesquisa. Ainda assim, tal processo está repleto de precariedades, especialmente para jovens aspirantes a antropólogues dentro e fora do Sul Global. Nunca é tão simples fazer pesquisa ou continuar seguindo carreira acadêmica. Alguns param após terminarem o bacharelado, outres durante o mestrado ou doutorado, e poucos experienciam como é conseguir um emprego como antropólogue.
Com programas de diplomacia e de reciprocidade nacionais e internacionais, jovens embarcam em viagens para iniciar, ou continuar, suas carreiras acadêmicas em outras regiões dos seus países de origem ou no estrangeiro. Contudo, tais experiências frequentemente surgem com uma série de desafios: diferenças culturais, barreiras linguísticas, instabilidade financeira, orientação acadêmica limitada, estruturas governamentais e institucionais rigorosas, reforçadas por desigualdades de gênero, raça, religião e outras intersecções sociais. Assim, o que poderia aparecer como uma experiência prestigiosa para a obtenção de um diploma, e possivelmente um meio de conseguir uma vida pessoal e profissional mais estável financeiramente, revela a precariedade que os acadêmicos em ascensão enfrentam. Mas, como argumenta Anna Tsing (2015, p. 27, tradução nossa), “a importância de manter a precariedade em mente é que a mesma nos faz lembrar que mudar de acordo com as circunstâncias é matéria para a sobrevivência”. Embora estas situações sejam, de fato, terríveis, também podem catalisar novos conhecimentos, metodologias e práticas à medida que jovens investigadores adquirem as competências para uma “navegação competente na crise” (Shevchenko, 2009). Na antropologia, estas experiências também levam à reflexividade, à posicionalidades e a novas redes que vão além da política do trabalho de campo.
Assim, este dossiê temático visa reunir trabalhos de jovens pesquisadores que se dedicam às precariedades enfrentadas durante sua formação acadêmica em antropologia. Estamos interessados em práticas que analisem processos de institucionalização, configurações coloniais e pós-coloniais no ensino e na aprendizagem, tais como metodologias na sala de aula, construção de ementas e hierarquias fixas nos currículos. Encorajamos reflexões autoetnográficas e esforços colaborativos que abordam a política dentro e fora da academia, a burocracia, a mobilidade, práticas de cuidado e solidariedade, levando em conta a interseccionalidade e as emoções. Ao lidar com, e transformar, ambientes acadêmicos precários, estamos também interessados em relatos etnográficos e práticas de estudantes de antropologia membros de comunidades indígenas e outras comunidades tradicionais.
Submissão de trabalhos até dia 31 de março de 2024
Convirtiéndose en Antropologo en medio de Precariedades Multifacéticas
Las disciplinas académicas prosperan y sobreviven por varias razones. En antropología, la disciplina abre camino tejiendo movimientos espirales que consideran el tiempo, el espacio, género, raza, economía, religión, política y otras intersecciones - creando prácticas de hacer-mundos, tales como teorías, métodos y carreras. La producción del conocimiento antropológico es vasta - ya que su fuerza motora viene del estudio del humano en relación con: otros humanos y más-que-humanos, agencias que forman parte del planeta y componen la vida social - haciéndose difícil medir su alcance de investigación. Aun así, tal proceso está repleto de precariedades, especialmente para jóvenes aspirantes a antropólogues dentro y fuera del Sur Global. Nunca es tan simple hacer investigación o continuar una carrera académica. Algunos se detienen después de terminar el bachillerato, otros durante la maestría o doctorado, y pocos experimentan cómo es conseguir un empleo como antropólogue.
Con programas de diplomacia y de reciprocidad nacionales e internacionales, jóvenes se embarcan en viajes para iniciar, o continuar, sus carreras académicas en otras regiones de sus países de origen o en el extranjero. Sin embargo, tales experiencias frecuentemente surgen con una serie de desafíos: diferencias culturales, barreras lingüísticas, inestabilidad financiera, orientación académica limitada, estructuras gubernamentales e institucionales rigurosas, reforzadas por desigualdades de género, raza, religión y otras intersecciones sociales.
Así, lo que podría aparecer como una experiencia prestigiosa para la obtención de un diploma, y posiblemente un medio de conseguir una vida personal y profesional más estable financieramente, revela la precariedad que enfrentan los académicos en ascenso. Pero, como argumenta Anna Tsing (2015, p.27), "Un valor de mantener la precariedad en mente es que nos recuerda que cambiar de acuerdo con las circunstancias es la clave para la supervivencia". Si bien estas situaciones son, de hecho, terribles, también pueden catalizar nuevos conocimientos, metodologías y prácticas a medida que jóvenes investigadores adquieren las competencias para una "navegación competente en la crisis" (Shevchenko, 2009). En antropología, estas experiencias también llevan a la reflexividad, a las posiciones y a nuevas redes que van más allá de la política del trabajo de campo.
Así, este dossier temático busca reunir trabajos de jóvenes investigadores que se dedican a las precariedades enfrentadas durante su formación académica en antropología. Estamos interesados en prácticas que analicen procesos de institucionalización, configuraciones coloniales y poscoloniales en la enseñanza y el aprendizaje, tales como metodologías en el aula, construcción de menús y jerarquías fijas en los currículos. Alentamos reflexiones autoetnográficas y esfuerzos colaborativos que abordan la política dentro y fuera de la academia, la burocracia, la movilidad, prácticas de cuidado y solidaridad, teniendo en cuenta la interseccionalidad y las emociones. Al tratar y transformar ambientes académicos precarios, también estamos interesados en relatos etnográficos y prácticas de estudiantes de antropología miembros de comunidades indígenas y otras comunidades tradicionales.
Envío del trabajo hasta 31 del marzo del 2024.
Becoming Anthropologists Amidst Multilayered Precarities
Academic disciplines thrive and survive for many reasons. In anthropology, the discipline makes its way by weaving spiral movements considering time, space, gender, race, economy, religion, politics, and other intersections — creating world-making practices such as theories, methods, and careers. The production of anthropological knowledge is vast — since its motor strength comes from the study of humans in relation with: other humans and more-than-humans, agencies that are part of the planet and compose social life — which makes its research scope difficult to measure. Still, such a process is itself riddled with precarities, especially for young and aspiring anthropologists in and from the Global South. It is never so simple to do research or to continue pursuing an academic career. Some stop after finishing their bachelor's, others during Masters or Ph.D., and a few get to experience what it is like to get a job as an anthropologist.
With diplomacy and national and international reciprocity programs, young scholars embark on journeys to start, or continue, their academic careers in other regions of their home countries or abroad. Such experiences often present them with a range of challenges: cultural differences, language barriers, financial instability, limited close academic guidance, and governmental and strict academic structures, enhanced by gender, race, religion, and other social intersections. Thus, what might have seemed a lofty experience of getting a degree, and possibly a more financially stable personal and professional life, reveals the precarity that budding academics undergo. But, as Anna Tsing (2015, p.27) argues, “One value of keeping precarity in mind is that it makes us remember that changing with circumstances is the stuff for survival”. While these situations are indeed dire, they can also catalyze new knowledge, methodologies, and practices as young researchers acquire the skills for a ‘competent navigation of crisis’ (Shevchenko, 2009). In anthropology, these experiences also lead to reflexivity, positionalities, and new networks that go beyond the politics of fieldwork.
Thereby, this thematic dossier aims to bring together the works of young researchers that delve into the precarities faced while pursuing an academic degree in anthropology. We are interested in practices that analyze processes of institutionalization, colonial and postcolonial settings in teaching and learning, such as classroom methodologies, syllabus compositions, and fixed hierarchies in curricula. We encourage autoethnographic reflections and collaborative efforts that tackle politics in and outside academia, bureaucracy, mobility, practices of care and solidarity, taking into account intersectionality, and emotions. In coping with and transforming precarious academic settings, we are also interested in ethnographic accounts and practices of young scholars who are members of indigenous and other traditional communities.
Submissions until march 31 2024.