O ABERTO: O HOMEM E O ANIMAL DE GIORGIO AGAMBEN – UMA TENTATIVA HIPERTEXTUAL

Autores

  • Ranieri Ribas UFPI

DOI:

https://doi.org/10.26694/pensando.v4i8.1418

Palavras-chave:

Giorgio Agamben, Antropologia Filosófica, Biofilosofia

Resumo

O artigo se propõe elaborar uma exegese do livro O Aberto: o Homem e o Animal, de Giorgio Agamben, de maneira a expor o argumento central da obra bem como situar o autor na Filosofia Política contemporânea. Para Agamben, o aberto não se situa unicamente numa analítica fenomenológico-existencial do ser: politicamente, o lugar privilegiado de movimentação desse conceito situa-se especificamente na biofilosofia dos graus do orgânico. A definição desses graus torna-se cada vez mais imprecisa à medida em que se propõe distinguir o limite entre o que é o animal e o que é o humano. A inovação de Agamben na abordagem dessa questão, portanto, está no modo como ele politiza o tema do aberto e o situa numa zona estratégica entre a zoologia e as políticas do homem. A entificação do tema, o aberto, não é para o autor um índice de conspurcação cientificista; é, antes, um índice de incessante politização, isto é, realocação conceitual, modulação disciplinar e institucionalização jurídica. Agamben não quer apenas uma ciência da política, mas também uma política da ciência, entendendo a ciência como lugar soberano de mobilização, manipulação e controle dos corpos. Numa palavra, a ciência, especificamente, a biofilosofia e as ciências do homem, são legisladoras da decisão pública acerca do que é homem. E quem decide o que é o homem, decide ex ante, qual política e qual moral deve dispor sobre a ordem pública.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. (2013). O Aberto. O Homem e o Animal. Civilização Brasileira. Rio de Janeiro.

ARISTOTLE. (1993). De Anima. Oxford University Press. New York.

BÍBLIA SAGRADA. (1943), [Trad. João Ferreira D'Almeida]. Sociedades Bíblicas Unidas. Rio de Janeiro.

BOBBITT, Philip. (2002). The Shield of Achilles: War, Peace, and the Course of History. Alfred A. Knopf. New York.

CLASTRES, Hélène. "Primitivismo e Ciência do Homem no Século XVIII". [http://revistas.usp.br/discurso/article/view/37896/40623]. Acesso em 01/11/2013.

EIBL-EIBESFELDT, Irenäus. (1989). Human Ethology. Aldine de Gruyter. New York.

EIBL-EIBESFELDT, Irenäus. (1980). El hombre preprogramado. Alianza Universidad. Madrid.

EIBL-EIBESFELDT, Irenäus. "A Unidade Biológica da Humanidade: Etologia Humana, conceitos e implicações". [http://unesdoc.unesco.org/images/0002/000232/023251poro.pdf]. Acesso em 01/11/2013.

FOUCAULT, Michel (2007). As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. São Paulo: Martins Fontes.

GEHLEN, Arnold. (1980) El Hombre. Su Naturaleza e su Lugar en el Mundo. (2ªed.). Ediciones Sígueme. Salamanca.

GRENE, Marjorie. (1968). Approaches to a Philosophical Biology. Basic Books, Inc.,Publishers. New York-London.

GRENE, Marjorie. The Understanding Of Nature: Essays in the Philosophy of Biology. Kluwer Academic Publisher. Boston.

HAECKEL, Ernesto. (1961). Os Enigmas do Universo. Lelo & Irmãos. Lisboa.

HAECKEL, Ernst. (1887). History of Creation. vol. I. D. Appleton and Company. New York. (Tradução para o inglês da Anthropogenie: oder, Entwickelungsgeschichte des Menschen)

HAECKEL, Ernst. (1887). History of Creation. vol. II. D. Appleton and Company. New York.

HARTMANN, Nicolai.(1939/1986). Ontologia V. Filosofia de la Naturaleza. Teoria Especial de las Categorias. Fondo de Cultura Económica. México.

HEIDEGGER, Martin, (1987). Carta sobre o Humanismo.[Trad. Pinharanda Gomes] Guimarães Editores. Lisboa.

HEIDEGGER, Martin, (2006). Os Conceitos Fundamentais da Metafísica. Mundo, Finitude, Solidão.[Trad. Marco Antônio Casanova]. Editora Forense Universitária. Rio de Janeiro.

HEIDEGGER, Martin, (2012). Parmênides. Editora Vozes. Petrópolis.

HEREDIA, Juan Manuel. Etología Animal, Ontología y biopolítica en Jakob Von Uexüll. [http://www.abfhib.org/FHB/FHB-06-1/FHB-6-1-05-Juan-Manuel-Heredia.pdf] Acesso em 01/11/2013.

HIRSCHMAN, Albert O. (2002). As Paixões e os Interesses: Argumentos Políticos a favor do Capitalismo antes do seu Triunfo. Editora Record. Rio de Janeiro.

KOJÈVE, Alexandre (2002). La Antropologia y El Ateismo En Hegel. La Pleyade. Buenos Aires.

KOJÈVE, Alexandre (2002). Introdução à Leitura de Hegel. Contraponto. Rio de Janeiro.

KOSELLECK, R. (2006) Futuro Passado. Rio de Janeiro, Ed. PUC-RIO.

LEBOVIC, Nitzan. (2013).The Philosophy of Life and Death. Ludwing Klages and the Rise of a Nazi Biopolitics. Palgrave Macmillan. New York.

LINNAEUS, Carolus. (1735). Systema Naturae. [https://ia600200.us.archive.org/7/items/carolilinnisys00linn/carolilinnisys00linn.pdf] Acesso em 01/11/2013.

LORENZ, Konrad. (1975). Três Ensaios sobre Comportamento Animal e Humano. Arcádia, Lisboa.

MACLEAN, Paul D. (1990) The Triune Brain in Evolution: Role in Paleocerebral Functions. New York: Plenum Press.

MARQUARD, Odo. (2001) Filosofia de la Compensacíon. Escritos sobre Antropologia Filosófica. Paidós Studio. Barcelona-Buenos Aires-Mexico.

MARQUARD, Odo. (1965) Zur Geschichte des Philosophischen Begriffs "Anthropologie", seit dem Ende des 18. Jahrhunderts. In. Collegium Philosophicum, Basiléia, Schwabe.

MARQUARD, Odo. (2007). "Sobre la Historia del Concepto Filosófico de 'Antropología' desde Finales del Siglo XVIII". In: Odo Marquard. Dificuldades Con La Filosofía de La Historia. Ensayos. Valencia. Pré-Textos.

MARTIN, Xavier. (2008). Régénérer l’espèce humaine.Utopie médicale et Lumières. Dominique Martin Morin. Paris.

PICO DELLA MIRANDOLA, Giovanni. (2001). Discurso sobre a Dignidade do Homem. [Tradução e introdução de Maria de Lurdes Sirgado Ganho]. Lisboa: Edições 70.

PLESSNER, Helmuth (1928) (2006). I Gradi Dell'organico e L'Uomo. Introduzione all'antropologia filosofica. Ed. Bollati Boringhieri. Torino.

PLESSNER, Helmuth (1975). Die Stufen des Organischen und der Mensch. Einleitung in die Philosophische Anthropologie. Walter de Gruyter. Berlin/New York.

PLESSNER, Helmuth (2006). L'Uomo. Una Questione Aperta. Introdução de Hans Peter-Krüger. Armando Editore. Roma.

PORTMANN, Adolf.(1956). Zoologie und das Neue Bild des Menschen. Biologische Fragmente zu einer Lehre vom Menschen. Rowohlt Hamburg. Hamburg.

RAWLS, John (2000). Uma Teoria da Justiça. Martins Fontes. São Paulo.

SCHMITT, Carl. (1992). O Conceito do Político.. Editora Vozes. Petrópolis.

SLOTERDIJK, Peter. (1999), Regras para o Parque Humano: uma resposta a Heidegger sobre o Humanismo. São Paulo. Estação Liberdade.

TATTERSALL, Ian. (2008) The World from Beginnings to 4000 BCE. Oxford University Press.

TAUBES, Jacob. (2013). To Carl Schmitt: Letters and Reflections. Columbia University Press. New York.

TYSON, Edward. (1699). Ourang-Outang, sive Home Sylvestris, or, the Anatomy of a Pygmie Compared with that of a Monkey, an Ape, and a Man, to wich [...]. Bennett and Brown. Londres. [https://archive.org/details/orangoutangsiveh00tyso]. Disponível em 01/11/2013.

UEXKÜLL, Jacob Von. (1909). Umwelt und Innenwelt. Verlag von Julius Springer. Berlin.

UEXKÜLL, Jacob Von. (S.d). Dos Animais e dos Homens. Digressão pelos seus próprios mundos. Doutrina do Significado. Edição Livros do Brasil. Lisboa.

UEXKÜLL, Jacob Von. (1945). Ideas para una Concepción Biológica Del Mundo. Espasa-Calpe Argentina. S.A. Buenos Aires-Mexico.

Downloads

Publicado

2014-07-18

Como Citar

RIBAS, R. . O ABERTO: O HOMEM E O ANIMAL DE GIORGIO AGAMBEN – UMA TENTATIVA HIPERTEXTUAL. PENSANDO - REVISTA DE FILOSOFIA, [S. l.], v. 4, n. 8, p. 1-30, 2014. DOI: 10.26694/pensando.v4i8.1418. Disponível em: https://periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/3213. Acesso em: 29 jun. 2024.

Edição

Seção

ARTIGOS/VARIA