INTERCONEXÕES ENTRE O PENSAMENTO DIALÉTICO E A COLONIALIDADE DA LINGUAGEM NA PERSPECTIVA DO LETRAMENTO CRÍTICO
DOI:
https://doi.org/10.26694/epeduc.v6i2.3831Palavras-chave:
Letramento crítico, (De)Colonialidade, DialéticaResumo
Este trabalho investiga a ideia de crítica que, limitando-se às formas não-abissais de exclusão, reproduz as categorias da modernidade/colonialidade e dá continuidade a regimes metadiscursivos dominantes. Os conceitos da colonialidade do ser (MALDONADO-TORRES, 2007, 2020) e da linguagem (VERONELLI, 2015a, 2015b, 2016, 2019) nos oferecem meios para entendermos como os construtos do letramento e da criticidade podem acabar sendo limitados por regimes metadiscursivos eurocentrados, chamando a nossa atenção para como a língua/gem e o diálogo foram e são colonizados/colonializados, e como noções modernas/coloniais acerca do concreto e do abstrato submetem e restringem o letramento crítico ao pensamento eurocêntrico e dialético. Na conclusão, ponderam-se algumas possibilidades para renegociações dos sentidos de poder, historicidade, língua/gem, letramento e criticidade. Perspectivam-se interações multilíngues e efetivamente plurais, respaldadas não em um “diálogo dialético” (portanto, monológico), mas em diálogos verdadeiramente dialógicos, isto é, diálogos com vistas à heterogeneidade irredutível (BAKHTIN, 1981) que nos ofereçam instrumentos para fazermos face a projetos de controle e de homogeneidade.
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