EVIDÊNCIAS DE ANTIGAS GLACIAÇÕES NO SERTÃO NORDESTINO
Palavras-chave:
Geleira., Bacia do Parnaíba., Diamictito., Gondwana., Paleozoico.Resumo
O sertão nordestino quente atual já foi um cenário gelado no passado geológico da Terra quando fazia parte de um gigantesco continente que estava próximo ao polo sul. Como o gelo do passado não se preserva no registro geológico, sobra apenas os sedimentos compostos de grãos de cascalho, areia e argila que esse gelo transportava. Esses sedimentos ao virarem rocha durante o soterramento representam as evidências da passagem de geleiras pela atual região do sertão a milhões de anos atrás. Pelo menos duas glaciações estão documentadas nas rochas do sertão ocorridas em 440-430 milhões de anos e 360-425 milhões de anos, respectivamente, os períodos Siluriano e Devoniano. As evidências dessas glaciações estão em depósitos rochosos da Bacia do Parnaíba, representados por conglomerado com matriz argilosa rico em clastos de diferentes tipos de rochas, sem estrutura, estratificados ou deformados denominados de diamictitos. Após o avanço das geleiras que depositaram os diamictitos, ocorreu a fase de degelo marcada pelos folhelhos marinhos, ricos em matéria orgânica, sendo que alguns deles contém detritos advindos do derretimento de icebergs. Esses intervalos glaciais são geralmente intercalados por depósitos fluvio-deltaicos desenvolvidos durante fase interglacial e servem como importante marcos estratigráficos para a correlação global desta parte do nordeste.