Prorrogação de chamada: Dossiê 2025.2: Olhares e memórias pós pandêmicas: o que estamos vivenciando hoje?

28.08.2025

Organizadores:

 Luciana da Silva Ramos – Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (UFSC).

Paulo de Tarso Xavier Sousa Junior - Docente da Universidade Estadual do Maranhão.

 

A pandemia de Covid-19 apresentou uma série de atravessamentos, principalmente ao observar os aspectos interseccionais presentes na sociedade e nos sujeitos que a compõem. As ciências humanas e sociais têm muito a dizer sobre os efeitos e implicações da Covid-19, em diversas dimensões da nossa sociedade. As consequências do vírus apresentaram, para além dos sintomas físicos, outras tantas adversidades, principalmente ao falar de um território ou de um lugar específico. Associado a isso, recortes como gênero e raça ainda permeiam mais condicionantes nesses períodos tortuosos. Diante da chegada de um cenário pós-pandêmico, como essas memórias observam esse período? Como elas estão vislumbrando o futuro? Quais dificuldades e/ou consequências desse contexto sanitário ainda as assombram? Essas e outros questionamentos serão bem acolhidos na proposta deste dossiê, a qual deseja resgatar essas memórias para que elas não sejam apagadas, nem pelo tempo e muito menos pelo espaço.

Durante muito tempo, nas redes sociais e também nos discursos das pessoas, acreditava-se que “todos estavam no mesmo barco” no que diz respeito às consequências adversas da pandemia de Covid-19. Contudo, essa frase se tornou uma grande falácia quando falamos de pessoas negras, indígenas, quilombolas, mulheres, LGBTQIAPN+ e pessoas com deficiência. Esses demarcadores de classe, raça e gênero opuseram-se a essa frase, recebendo ainda mais prejuízos no que diz respeito ao acesso a políticas públicas de cuidado em saúde e à sobrevivência.

A pandemia da Covid-19 escancarou não apenas a fragilidade dos sistemas de saúde e das estruturas sociais, mas também a vulnerabilidade dos territórios diante de crises de larga escala. Tomando essa experiência como ponto de partida, torna-se possível reunir e repensar trabalhos que tratam de paisagens arrasadas ou em ruínas, não apenas pelas doenças virais, mas também por "pandemias" silenciosas e contínuas, como o avanço predatório da mineração, o desmatamento acelerado e os desequilíbrios socioambientais provocados por modelos econômicos insustentáveis. Essas ações, embora menos visíveis no cotidiano urbano, deixam marcas profundas no território, configurando espaços de destruição e abandono que, tal como na pandemia, escancaram a conexão entre crise ambiental, exclusão social, vulnerabilidade coletiva, adoecimento mental e luto.

O dossiê reunirá pesquisas e vozes que ainda seguem dificultadas frente a este cenário pós-pandêmico, associado à educação, justiça, saúde, direitos humanos, trabalho e renda, e demais questões do cotidiano. Queremos proporcionar um espaço onde essas histórias e experiências possam ser compartilhadas, destacando a importância de não permitir que essas memórias sejam apagadas.

 

Dessa forma, aceitamos relatos de experiências, pesquisas originais e demais formas de produção e divulgação científica.

 

Prazo Final: 21/09/2025