Gênero em dispusta: conflitos políticos, identitários e sociais
O debate acerca das diferentes expressões de gênero entre as pessoas está em presente nas ciências sociais em textos pioneiros das disciplinas. Anterior ao próprio estabelecimento da produção teórica de gênero, as desigualdades e diversidades entre homens e mulheres já estavam presentes. Destaca-se por exemplo: a) a importante obra de Friedrich Engels que demonstra a relação entre a formação familiar hegemônica e a consolidação do modo de produção capitalista; b) o pioneiro estudo de Margaret Mead, que desestabilizou concepções biologizantes acerca das diferenças sexuais e geracionais; c) as reflexões de John Stuart Mill sobre o voto feminino. Os saltos temporais que constituíram os processos históricos e sociais, fizeram emergir à superfície novas subjetividades, identidades e formas de corporificação do gênero entre as pessoas. Todavia, nenhuma dessas transformações se deram de forma pacífica, praticamente todas foram permeadas de disputas políticas e culturais. Tais atritos aconteceram (e ainda acontecem) com atores sociais conservadores externos ao movimento feminista, ou em discussões presentes no interior do próprio feminismo. Assim, o leque das temáticas abordadas por intelectuais e militantes incorporaram questões étnico-raciais, de sexualidades, regionais ou geracionais. A proposta deste dossiê é acolher pesquisas que demonstrem como se dá a articulação das relações de gênero e suas múltiplas intersecções. Dessa forma, os trabalhos enviados devem contemplar um olhar para as desigualdades e diversidades de gênero em diferentes contextos relacionais, institucionais e cosmológicos. O dossiê visa ser interdisciplinar, com trabalhos oriundos das três áreas das ciências “irmãs” (Antropologia, Ciência Política, Sociologia), bem como de outras áreas das humanidades. As propostas poderão ser enviadas até dia 07 de maio de 2023.