Uma Filosofia afro-diaspórica entre escritas fragmentárias

Autores

  • Luis Thiago Freire Dantas UERJ

DOI:

https://doi.org/10.26694/pensando.vol15i36.5901

Palavras-chave:

Culturas Negras, Racismo epistêmico., Linguagem

Resumo

O ato de escrever filosoficamente tornou-se uma das marcas da modernidade em que há uma determinação sobre quem produz filosofia. Principalmente pela normatização conceitual e metodológica, que invariavelmente legitima um texto como filosófico. Por essa maneira, neste artigo pretendo problematizar esse “escrever filosoficamente” a partir do horizonte da diáspora africana com a intenção de propor uma noção de “escrita fragmentária”. Nisso, há um distanciamento da apreensão de uma totalidade ou manutenção de uma particularidade, e sim uma subversão da própria escrita filosófica, pois a finalidade é perguntar: quem permanece nas margens quando se pensa filosofia em conformidade com um padrão textual? Essa indagação é influenciada pelo pensamento de bell hooks, no qual para a autora o vernáculo negro estadunidense subverte o inglês padrão para re-inscrever vidas historicamente violentadas. No cenário brasileiro, similarmente, Lélia Gonzalez também destaca o pretoguês como uma afirmação africana, em suas expressões culturais, na língua portuguesa. Por isso, observa-se a possibilidade de um diálogo entre Lélia e bell na ampliação das formas de falar/escrever sobre a realidade de vidas despojadas da humanidade. Para aprofundar esse diálogo também será inserido no artigo, outras autoras/es para fundamentar uma filosofia em que os fragmentos da experiência negra seja inserida nessa produção de conhecimento, por exemplo, Christina Sharpe, Denise Ferreira da Silva, Grada Kilomba, Fred Moten, Felwine Sarr, Dionne Brand. Com tal proposta atenta-se para a escrita filosófica enquanto uma relação com as vozes silenciadas que expande a produção de conhecimento para diferentes expressões culturais. Portanto, o meu argumento é que a filosofia potencializa-se ao trazer no cerne de suas divagações a seguinte pergunta: por que não escutamos os fragmentos das linguagens dos povos do sul global? Uma resposta que tensiona o fazer filosófico como responsabilidade para subversão das próprias normas.

O ato de escrever filosoficamente tornou-se uma das marcas da modernidade em que há uma determinação sobre quem produz filosofia. Principalmente pela normatização conceitual e metodológica, que invariavelmente legitima um texto como filosófico. Por essa maneira, neste artigo pretendo problematizar esse “escrever filosoficamente” a partir do horizonte da diáspora africana com a intenção de propor uma noção de “escrita fragmentária”. Nisso, há um distanciamento da apreensão de uma totalidade ou manutenção de uma particularidade, e sim uma subversão da própria escrita filosófica, pois a finalidade é perguntar: quem permanece nas margens quando se pensa filosofia em conformidade com um padrão textual? Essa indagação é influenciada pelo pensamento de bell hooks, no qual para a autora o vernáculo negro estadunidense subverte o inglês padrão para re-inscrever vidas historicamente violentadas. No cenário brasileiro, similarmente, Lélia Gonzalez também destaca o pretoguês como uma afirmação africana, em suas expressões culturais, na língua portuguesa. Por isso, observa-se a possibilidade de um diálogo entre Lélia e bell na ampliação das formas de falar/escrever sobre a realidade de vidas despojadas da humanidade. Para aprofundar esse diálogo também será inserido no artigo, outras autoras/es para fundamentar uma filosofia em que os fragmentos da experiência negra seja inserida nessa produção de conhecimento, por exemplo, Christina Sharpe, Denise Ferreira da Silva, Grada Kilomba, Fred Moten, Felwine Sarr, Dionne Brand. Com tal proposta atenta-se para a escrita filosófica enquanto uma relação com as vozes silenciadas que expande a produção de conhecimento para diferentes expressões culturais. Portanto, o meu argumento é que a filosofia potencializa-se ao trazer no cerne de suas divagações a seguinte pergunta: por que não escutamos os fragmentos das linguagens dos povos do sul global? Uma resposta que tensiona o fazer filosófico como responsabilidade para subversão das próprias normas.

Referências

BRAND, Dionne. Um mapa para a porta do não-retorno: notas sobre pertencimento. São Paulo: A Bolha, 2022.

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.

FANON, Frantz. Os condenados da terra. São Paulo: Zahar editora, 2023.

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VANDAL. Tirasuapazh. Official Video: Youtube, 18 de junho de 2018. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=PDY4wJj-au4 Acessado em 28 de junho de 2024.

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Publicado

03-01-2025

Como Citar

FREIRE DANTAS, Luis Thiago. Uma Filosofia afro-diaspórica entre escritas fragmentárias. PENSANDO - REVISTA DE FILOSOFIA, [S. l.], v. 15, n. 36, p. 49–59, 2025. DOI: 10.26694/pensando.vol15i36.5901. Disponível em: https://periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/5901. Acesso em: 8 jan. 2025.

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