MEDICAMENTOS, TECNOCIÊNCIAS E A FIGURA DO MONSTRO COMO HORIZONTE ÉTICO

Autores

  • Bruno Vasconcelos de Almeida PUCMG

DOI:

https://doi.org/10.26694/pensando.v10i19.8372

Palavras-chave:

Medicamentos, Tecnociências, Monstro, Anômalo, Biomedicalização

Resumo

Os medicamentos estão presentes no cotidiano de pessoas e sociedades de uma maneira inédita no âmbito da cultura. Do ponto de vista da economia, produção, circulação e consumo cresceram massivamente e integram de maneira decisiva os fluxos financeiros produtivos e rentistas que atravessam o planeta. Do ponto de vista das subjetividades, e enquanto objetos tecnológicos, eles atendem às demandas dos processos saúde doença, contribuem para a melhoria de diferentes performatividades humanas e ainda alimentam o sonho do melhoramento e da felicidade. Com o objetivo de problematizar o lugar cultural e tecnocientífico dos medicamentos, este artigo percorre trabalhos de Madeleine Akrisch, François Dagognet, Philippe Pignare e Ronald W. Dworkin, que os abordam em diferentes perspectivas. Na sequência, discute os processos de medicalização e biomedicalização em curso nos dias atuais, destacando as questões do sujeito cerebral (Alain Ehrenberg), do self neuroquímico (Nikolas Rose), e do lugar atual da psicologia cognitiva. Em contraponto, retoma a figura do monstro, tal como abordada por Michel Foucault, para ativá-la como categoria da imaginação, da anomalia e da singularização, multiplicando os horizontes éticos que se colocam para a pesquisa conjunta entre tecnociências e subjetividades.

 

Referências

AKRICH, Madeleine. “Le médicament comme objet technique”. In: Revue internationale de Psychopathologie. Paris: n. 21, 1996, pp.135-158.

BENVENISTE, Émile. O vocabulário das instituições indo-europeias. Tradução Denise Bottmann e Elionora Bottmann. Campinas: EDUNICAMP, 1995. (Vol. II).

BIRMAN, Joel et al. (orgs.). A fabricação do humano: psicanálise, subjetivação e cultura. São Paulo: Zagodoni, 2014.

CLARK, Adele et al. “Technosciences et nouvelle biomédicalisation: racines occidentales, rhizomes mondiaux”. In: Sciences Sociales et Santé. Paris: v. 18, n. 2, 2000, pp. 11-42.

CORDÁS, Táki; MORENO, Ricardo (ed.). Condutas em psiquiatria. 4. ed. São Paulo: Lemos Editorial, 2001.

DAGOGNET, François. A razão e os remédios. Tradução Vera Lúcia Avellar Ribeiro. Rio de Janeiro: Forense, 2012. (Episteme: política, história, clínica).

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia: v. 4. Tradução Suely Rolnik. São Paulo: Ed. 34, 1997. (Coleção TRANS).

DESDE que o samba é samba. Intérprete: Caetano Veloso. [S. l.], 1 de jun de 2011. 1 vídeo (4 min). Publicado por: Caetano Veloso. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=dRUqLsdwIhA. Acesso em: 07/09/2018.

DUMIT, Joseph. Drugs for Life: how pharmaceutical companies define our health. London: Duke University Press, 2012.

DWORKIN, Ronald. Felicidade artificial: o lado negro da nova classe feliz. Tradução Paulo Anthero S. Barbosa. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2007.

EHRENBERG, Alain. “O sujeito cerebral”. In: Psicologia Clínica. Rio de Janeiro: v. 21, n. 1, 2009, pp. 187-213.

FOUCAULT, Michel. Resumo dos cursos do Collège de France 1970-1982. Tradução Andrea Daher. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997.

FOUCAULT, Michel. Os anormais: curso no Collège de France (1974-1975). Tradução Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2001. (Coleção Tópicos).

LATOUR, Bruno. “Múltiplos e animados modos de existência. [Entrevista cedida a] Jamille Pinheiro Dias, Renato Sztutman e Stelio Marras”. In: Revista de Antropologia. São Paulo: v. 57, n. 1, 2014, pp. 499-519.

PIGNARRE, Philippe. O que é o medicamento? um objeto estranho entre ciência, mercado e sociedade. Tradução Paulo Neves. São Paulo: Ed. 34, 1999.

PRECIADO, Paul. Texto Junkie: sexo, drogas e biopolítica na era farmacopornográfica. Tradução Maria Paula Gurgel Ribeiro. São Paulo: n-1 edições, 2018.

ROMANO, Roberto. Moral e ciência: a monstruosidade no século XVIII. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2003. (Série Livre Pensar; v. 15).

ROSE, Nikolas. A política da própria vida: biomedicina, poder e subjetividade no século XXI. Tradução Paulo Ferreira Valerio. São Paulo: Paulus, 2013. (Coleção biopolíticas).

SIMONDON, Gilbert. Du mode d’ existence des objets techniques. Paris: Éditions Aubier, 1989. (Philosophie).

SIMONDON, Gilbert. Sur la technique. Paris: Presses Universitaires de France, 2014.

VAN DER GEEST, Sjaak; WHYTE, Susan Reynolds; HARDON, Anita. “The anthropology of pharmaceuticals: a biographical approach”. In: Annual Review of Anthropology. Palo Alto: v. 25, 1996, pp. 153-178.

Downloads

Publicado

26-10-2019

Como Citar

ALMEIDA, Bruno Vasconcelos de. MEDICAMENTOS, TECNOCIÊNCIAS E A FIGURA DO MONSTRO COMO HORIZONTE ÉTICO. PENSANDO - REVISTA DE FILOSOFIA, [S. l.], v. 10, n. 19, p. 39–51, 2019. DOI: 10.26694/pensando.v10i19.8372. Disponível em: https://periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/3473. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

ARTIGOS/VARIA