Chamada para submissão de trabalho
Dossiê 2024.2: A grande deformação: uma análise antropológica sobre os grandes empreendimentos desenvolvimentistas
Organizadores: Maurício Caviedes - Doutor em História (Universidad Nacional de Colombia). Professor visitante PPGA-UFBA.
Fernanda Santiago - Doutoranda em Antropologia (UFBA).
Os grandes empreendimentos desenvolvimentistas como usinas hidrelétricas, de exploração de recursos para energias renováveis e não renováveis, transporte e infraestrutura geral prometem melhorias ao longo prazo na qualidade de vida de comunidades urbanas e rurais.
As consequências no curto prazo são consideradas sacrifícios necessários de pequenas comunidades cujo prejuízo será compensado pelo benefício da maioria. Boa parte da literatura sobre o desenvolvimento descreve essa dinâmica de sacrifício e compensação a partir de fórmulas quantitativas. As experiências, alternativas e resistências das comunidades atingidas negativamente pelos empreendimentos desenvolvimentistas ficam em segundo lugar nessas fórmulas. A permanência de consequências sociais no longo prazo também fica por fora delas.
O discurso desenvolvimentista em contraponto ao atraso e ao “subdesenvolvimento” são questões que criam políticas, definem onde e como serão instalados os equipamentos desses empreendimentos e atravessam as pessoas que são, direta e indiretamente, atingidas por eles.
O estudo antropológico e etnográfico dos efeitos desses grandes empreendimentos questiona o “desenvolvimento” como projeto da humanidade, a partir das vidas de comunidades e grupos atingidos por ela. Esse questionamento pode ter inspiração na crítica do discurso político e econômico do desenvolvimento. Pode ter inspiração na história crítica das comunidades atingidas, nos modelos coloniais, nas respostas contra-coloniais e inspiração na etnografia das economias locais, ou até mesmo a sua relação com as dinâmicas nacionais e locais. Ou pode ainda, ter inspiração na análise das ontologias e epistemologias comunitárias. Não se trata de deslegitimar a necessidade humana em buscar melhorias para um bem viver, o ponto chave é se esse bem viver está sendo considerando de forma holística e quem poderá acessá-lo. Essa proposta parte do reconhecimento da relevância do tema e da pouca disseminação das publicações sobre o assunto. Nesse sentido, buscamos trabalhos que abordam as discussões sobre os efeitos dos grandes empreendimentos desenvolvimentistas em comunidades urbanas e rurais a partir de um olhar crítico da ideia de “desenvolvimento. Dessa maneira, buscamos reunir trabalhos de diversas áreas que estabelecem um diálogo com a antropologia, enriquecendo a discussão e proporcionando uma visão interdisciplinar sobre o tema.
Prazo Final: 01/10/2024
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Dossiê 2025.1: O Encontro etnográfico e a construção do conhecimento antropológico
Organizadores: Bruno Ferraz Bartel, Doutor em Antropologia. Professor do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal do Piauí (PPGAnt/UFPI).
Liza Dumovich, Doutora em Antropologia. Pós-doutoranda pela Marie Skłodowska-Curie Actions no Departamento de Antropologia Social e Cultural da KU Leuven, Bélgica.
A organização do dossiê é inspirada na discussão sobre a constituição e as consequências dos regimes de relacionalidade que são gerados a partir das interações entre o etnógrafo e os seus interlocutores no que chamamos de “encontro etnográfico”. O objetivo é reunir reflexões antropológicas que se concentrem tanto na experiência etnográfica vivenciada no trabalho de campo quanto nas estratégias discursivas desenvolvidas no processo da escrita etnográfica.
É amplamente reconhecido que o método do trabalho de campo etnográfico viabiliza insights valiosos sobre diversidade cultural e as diferentes maneiras de ser e estar no mundo. Mas como se constrói a relação entre o etnógrafo e os seus interlocutores? De que modo e até que ponto essa relação é moldada pelos diferentes elementos contextuais do trabalho de campo? E quais são as implicações da forma que essa relação toma para a escrita etnográfica e a representação cultural?
A entrevista tem sido um recurso valioso para a análise etnográfica, muitas vezes através da mobilização da “história de vida” ou “ilusão biográfica”. Contudo, essa ferramenta metodológica não consegue captar os modos de pensar, ser, agir e sentir dos sujeitos em toda a sua complexidade. Somente uma observação detalhada e o compartilhamento de experiências, viabilizado pela minúcia do momento etnográfico, permitem capturar o contexto mais abrangente do discurso e da prática, do contexto situacional e das conexões históricas e contemporâneas entre o etnógrafo (e o seu mundo) e a comunidade (e o seu mundo) onde ele estuda.
Partindo da ideia de que “relação”, em termos antropológicos, é um conceito abstrato que se refere a um estado de coexistência imaginado como conexão ou vínculo, propomos uma investigação aprofundada da relação etnográfica e sua capacidade generativa não só de informações e discursos, mas sobretudo de momentos etnográficos particularmente significativos.
Convidamos submissões de artigos que discutam o ofício do antropólogo a partir do trabalho de campo, mais especificamente, do encontro etnográfico. São particularmente bem-vindas contribuições que abordem o método etnográfico como uma arena de produção de conhecimento antropológico ancorada na relação entre etnógrafo e interlocutores, nas conexões históricas e materiais que configuram esse encontro e no contexto situacional mais abrangente do mundo contemporâneo.
Prazo Inicial: 01/12/2024
Prazo Final: 01/03/2025
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Dossiê 2025.2: Olhares e memórias pandêmicas: atravessamentos, desafios e perspectivas socioantropológicas sobre a Covid-19
Organizadores: Luciana da Silva Ramos – Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (UFSC).
Paulo de Tarso Xavier Sousa Junior - Docente da Universidade Estadual do Maranhão.
A pandemia de Covid-19 apresentou uma série de atravessamentos, principalmente ao observar os aspectos interseccionais presentes na sociedade e nos sujeitos que a compõe. A Antropologia, juntamente com a Psicologia, tem muito a dizer sobre os efeitos e implicações da Covid-19, em diversas dimensões da nossa sociedade. As consequências do vírus apresentaram, para além dos sintomas físicos, outras tantas adversidades, principalmente ao falar de um território ou um lugar específico. Associado a isso, recortes como gênero e raça ainda permeiam mais condicionantes nesses períodos tortuosos. Diante da chegada de um cenário pós-pandêmico, como essas memórias observam esse período? Como elas estão vislumbrando o futuro? Quais dificuldades e/ou consequências desse contexto sanitário ainda as assombram? Essas e outros questionamentos serão bem acolhidos na proposta desse dossiê, a qual deseja resgatar essas memórias para que elas não sejam apagadas nem pelo tempo e muito menos pelo espaço.
Durante muito tempo, nas redes sociais e também nos discursos das pessoas, acreditava-se que “todos estavam no mesmo barco” no que diz respeito às consequências adversas da pandemia de Covid-19. Contudo, essa frase se tornou uma grande falácia quando falamos de pessoas negras, indígenas, quilombolas, mulheres, lgbtiqapn+ e pessoas com deficiência. Esses demarcadores de classe, raça e gênero opuseram-se diante dessa frase, recebendo ainda mais prejuízos no que diz respeito ao acesso a políticas públicas de cuidado em saúde e à sobrevivência.
O dossiê reunirá pesquisas e vozes dessas comunidades, pessoas proporcionando neste. Queremos proporcionar um espaço onde essas histórias e experiências possam ser compartilhadas, destacando a importância de não permitir que essas memórias sejam apagadas. Convidamos alunos, professores, profissionais e membros da sociedade em geral a contribuir com suas histórias e a reivindicar direitos e o reconhecimento dessas identidades.
Essa iniciativa não apenas fortalece a academia, mas também a sociedade em geral, garantindo que as lições e experiências vividas não sejam esquecidas, mas sirvam como base para um futuro mais inclusivo e esperançoso.
Prazo Inicial: 01/04/2025
Prazo Final: 01/09/2025