Fundamentos teóricos do Neoliberalismo:
algumas notas desde Foucault, Dardot e Laval
DOI:
https://doi.org/10.26694/pensando.vol14i33.4529Palabras clave:
Neoliberalismo, Subjetivação, Biopolítica, Razão do mundoResumen
A guinada antidemocrática produzida pelo neoliberalismo é, sem dúvida, um sinal dos nossos tempos. Mas aqui pretendemos mostrar que estudá-la como consequência lógica de uma nova racionalidade política resulta na pintura de um quadro apocalíptico total (1) para a democracia, (2) para a política e (3) para o sujeito. Se pudéssemos continuar a pensar o neoliberalismo como uma ideologia, cujo campo de forças funcionaria com mecanismos muito bem definidos, mas não se constitui como uma transformação radical dos modos de dominação política, seria possível compreendermos a desdemocratização que caracteriza nosso tempo no quadro em que se entende atualmente pensadores inscritos na tradição marxista, i.e., como um novo capítulo na tensão histórica entre capitalismo e democracia. Pretendemos, no presente texto, reconstruir a noção de racionalidade, em Foucault, tal como começou a aparecer Em defesa da sociedade e a forma como essa noção está definitivamente associada ao neoliberalismo em O nascimento da biopolítica, com vistas a especificar a maneira pela qual sua novidade é ali articulada. Num segundo momento, apresentamos o conflito entre esse novo modo de governo e a política democrática, sugerido pelos textos de Dardot e Laval. Por fim e não menos importante apontamos os limites epistemológicos que a perspectiva foucaultiana tem para estudar os processos de democratizações que perpassam as sociedades capitalistas contemporâneas a partir do conceito de racionalidade neoliberal.
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